O período que vai do início do século ao princípio da Primeira Guerra Mundial é geralmente chamado, na Inglaterra, de era eduardiana, apesar do rei ter morrido em 1910. Na França, com uma pequena extensão reatroativa à década de 1890, chamou-se la belle époque. Nos dois países a atmosfera era muito semelhante. Foi uma época de grandes ostentações e extravagância. Na Inglaterra, a sociedade e a corte, que, é claro, sempre se contrapuseram, agora começavam a se coincidir, e o próprio rei estabelecia o exemplo.
A moda, como sempre, era um reflexo da época. Preferia-se a mulher madura, fria e dominadora, com o busto pesado, cujo efeito era mais enfatizado pelos chamados espartilhos “saudáveis”, que tornava o corpo rigidamente ereto para frente, levantando o busto e jogando os quadris para traz. A cintura nunca tinha sido tão afunilada. O ideal de beleza da mulher era o de ter aproximadamente 40 centímetros de circunferência na cintura. Para atingir estas proporções, algumas delas se submetiam às cirurgias para serrarem suas costelas e poderem se apertar demasiadamente em seus espartilhos.
Isso produzia uma postura peculiar em forma de S tão característica da época. A saia, lisa e sobre os quadris, se abria em direção ao chão em forma de sino. Cascatas de renda desciam do decote; de fato havia uma paixão por renda em todas as partes do vestido. Quem não podia comprar renda verdadeira, ocorria ao crochê irlandês. Os cabelos eram presos no alto da cabeça, e o chapéu panqueca se projetava para frente como que para equilibrar a cauda. À noite, os vestidos tinham decotes extravagantes, mas durante o dia o corpo ficava escondido das orelhas aos pés. A pequena gola de renda era armada com barbatanas, e os braços sempre permaneciam completamente cobertos por luvas compridas. Havia uma loucura por plumas, e nos chapéus eram sempre retomadas sozinhas ou aos pares.
Para os homens, o traje aceito para todas as ocasiões formais ainda era a sobrecasaca e a cartola, mas o terno usado com um chapéu homburg era cada vez mais visto. As calças tendiam a ser bastante estreitas e curtas, e os jovens estavam começando a usá-las com as bainhas permanentemente viradas e com um vinco na frente, o que só foi possível a partir de meados da década de 1890 com a invenção da prensa para calças. Os colarinhos engomados de linho branco eram muito altos e às vezes retos em torno do pescoço.
O estilista francês Paul Poiret (1879-1944), um grande nome da moda com idéias muito inovadoras, já havia tido a idéia de tirar do corpo feminino o espartilho, liberando-o dos acentuados apertos de cintura. Porém esse hábito, ou melhor, essa moda só tornou-se de fato assimilada durante a Primeira Guerra Mundial.
Já partir de 1910, surgiram mudanças drásticas na indumentária feminina; as saias na altura das canelas, o decote “V”, – tudo isso em cores fortes – e o aparecimento da calça-saia (para andar de bicicleta) faziam agora parte dos armários. Os adornos preferidos agora não eram mais as rendas, e sim os botões, que eram pregados por toda a roupa, até nos lugares menos esperados. Os chapéus também já não eram excessivamente amplos, e sim pequenos e bem ajustados à cabeça, com as plumas eretas.
Estes chapéus continuaram sendo usados durante a guerra, mas as sais estreitas – que teriam tomado o lugar das com forma de sino – se tornaram um estorvo. A ausência da figura masculina no campo de trabalho, uma vez estando no campo de batalha, fez com que as mulheres tomassem conta do mercado, atuando em diversos setores, fossem de quaisquer classes sociais. Elas ocuparam espaços masculinos da área de saúde aos transportes e da agricultura à indústria, inclusive bélica. Foi o primeiro passo da emancipação feminina, uma necessidade durante a guerra e, depois dela, um hábito.
Com a necessidade de trabalhar, as mulheres tiveram de se libertar dos vestidos compridos e dos chapéus adornados, sendo obrigadas então, a utilizar coisas práticas e que permitissem maior liberdade de movimento. A ostentação, o luxo e a extravagância foram abandonados não só por questões econômicas, como também morais, uma vez que as mulheres não se sentiam bem em usar roupas elaboradas num momento de contenção.
A Primeira Guerra Mundial, de fato, teve o efeito de abafar a moda, e há poucas coisas de interesse para se registrar até o final do conflito. Nesse período surge um nome da moda, que inicialmente trabalhava com chapéus, mas que começou cada vez mais a sobressair-se no campo do vestuário. Foi Gabrielle Coco Chanel que, em 1916, inovou consideravelmente ao fazer tailleurs de jérsei, isto é, de malha e com aspecto sedoso, toque macio e estrutura elástica. Com o passar das décadas, Chanel consolidou-se no setor e tornou-se o nome mais importante de toda a moda do século XX.
Com o término da guerra, a mulher não abandonou o trabalho, e de fato, conseguiu sua emancipação com a independência financeira. As roupas foram se adaptando aos novos padrões, fossem eles para o trabalho, esporte e, principalmente, divertimento. As saias continuaram a se encurtar e o estilo andrógino começou a se fazer presente. As mulheres buscavam semelhanças com a aparência masculina, com cortes bem curtos, vestidos de cintura mais baixa, deslocada visando disfarçar os quadris, comprimentos à altura dos joelhos, revelando, pela primeira vez na história ocidental, as pernas femininas em público.
Conforme a década ia passando, a maquiagem foi ficando cada vez mais acentuada. Fazia parte da performance fashion se maquiar em público. Nada de se esconder nos banheiros para passar batom ou pó. Batom na cor vermelho sangue e pó compacto eram usados generosamente, já o blush dava apenas um toque leve nas faces e não era parte do arsenal básico de beleza. Os porta-batons e porta-pós eram trabalhados e bastante sofisticados, assim como as cigarreiras, umas verdadeiras obras de arte.
A moda masculina permaneceu praticamente a mesma nesse momento, tornando-se cada vez mais simples e prática, tendo até mesmo o aspecto de uniformização, uma vez que todos se vestiam com a mesma característica: calça comprida, paletó, colete e gravata.
No vestuário feminino, todas as curvas foram completamente abandonadas, o que acentuava a busca pela aparência de rapazes, ainda deixando os cabelos num corte curto e liso, que evidenciava as linhas da cabeça.
Como pode-se notar, a Primeira Guerra Mundial foi um dos marcos para a moda ocidental, uma vez que ela parou totalmente este ciclo, que viria a ser retomado depois do conflito totalmente diferente de como fora interrompido. Devido a questões lógicas, as roupas sofreram uma mudança radical ao passar por este período, se adaptando, como sempre, às tendências do desenvolvimento mundial. Foi também um fator decisivo para a emancipação feminina, fato que influenciou as vestimentas da época.
A moda, como sempre, era um reflexo da época. Preferia-se a mulher madura, fria e dominadora, com o busto pesado, cujo efeito era mais enfatizado pelos chamados espartilhos “saudáveis”, que tornava o corpo rigidamente ereto para frente, levantando o busto e jogando os quadris para traz. A cintura nunca tinha sido tão afunilada. O ideal de beleza da mulher era o de ter aproximadamente 40 centímetros de circunferência na cintura. Para atingir estas proporções, algumas delas se submetiam às cirurgias para serrarem suas costelas e poderem se apertar demasiadamente em seus espartilhos.
Isso produzia uma postura peculiar em forma de S tão característica da época. A saia, lisa e sobre os quadris, se abria em direção ao chão em forma de sino. Cascatas de renda desciam do decote; de fato havia uma paixão por renda em todas as partes do vestido. Quem não podia comprar renda verdadeira, ocorria ao crochê irlandês. Os cabelos eram presos no alto da cabeça, e o chapéu panqueca se projetava para frente como que para equilibrar a cauda. À noite, os vestidos tinham decotes extravagantes, mas durante o dia o corpo ficava escondido das orelhas aos pés. A pequena gola de renda era armada com barbatanas, e os braços sempre permaneciam completamente cobertos por luvas compridas. Havia uma loucura por plumas, e nos chapéus eram sempre retomadas sozinhas ou aos pares.
Para os homens, o traje aceito para todas as ocasiões formais ainda era a sobrecasaca e a cartola, mas o terno usado com um chapéu homburg era cada vez mais visto. As calças tendiam a ser bastante estreitas e curtas, e os jovens estavam começando a usá-las com as bainhas permanentemente viradas e com um vinco na frente, o que só foi possível a partir de meados da década de 1890 com a invenção da prensa para calças. Os colarinhos engomados de linho branco eram muito altos e às vezes retos em torno do pescoço.
O estilista francês Paul Poiret (1879-1944), um grande nome da moda com idéias muito inovadoras, já havia tido a idéia de tirar do corpo feminino o espartilho, liberando-o dos acentuados apertos de cintura. Porém esse hábito, ou melhor, essa moda só tornou-se de fato assimilada durante a Primeira Guerra Mundial.
Já partir de 1910, surgiram mudanças drásticas na indumentária feminina; as saias na altura das canelas, o decote “V”, – tudo isso em cores fortes – e o aparecimento da calça-saia (para andar de bicicleta) faziam agora parte dos armários. Os adornos preferidos agora não eram mais as rendas, e sim os botões, que eram pregados por toda a roupa, até nos lugares menos esperados. Os chapéus também já não eram excessivamente amplos, e sim pequenos e bem ajustados à cabeça, com as plumas eretas.
Estes chapéus continuaram sendo usados durante a guerra, mas as sais estreitas – que teriam tomado o lugar das com forma de sino – se tornaram um estorvo. A ausência da figura masculina no campo de trabalho, uma vez estando no campo de batalha, fez com que as mulheres tomassem conta do mercado, atuando em diversos setores, fossem de quaisquer classes sociais. Elas ocuparam espaços masculinos da área de saúde aos transportes e da agricultura à indústria, inclusive bélica. Foi o primeiro passo da emancipação feminina, uma necessidade durante a guerra e, depois dela, um hábito.
Com a necessidade de trabalhar, as mulheres tiveram de se libertar dos vestidos compridos e dos chapéus adornados, sendo obrigadas então, a utilizar coisas práticas e que permitissem maior liberdade de movimento. A ostentação, o luxo e a extravagância foram abandonados não só por questões econômicas, como também morais, uma vez que as mulheres não se sentiam bem em usar roupas elaboradas num momento de contenção.
A Primeira Guerra Mundial, de fato, teve o efeito de abafar a moda, e há poucas coisas de interesse para se registrar até o final do conflito. Nesse período surge um nome da moda, que inicialmente trabalhava com chapéus, mas que começou cada vez mais a sobressair-se no campo do vestuário. Foi Gabrielle Coco Chanel que, em 1916, inovou consideravelmente ao fazer tailleurs de jérsei, isto é, de malha e com aspecto sedoso, toque macio e estrutura elástica. Com o passar das décadas, Chanel consolidou-se no setor e tornou-se o nome mais importante de toda a moda do século XX.
Com o término da guerra, a mulher não abandonou o trabalho, e de fato, conseguiu sua emancipação com a independência financeira. As roupas foram se adaptando aos novos padrões, fossem eles para o trabalho, esporte e, principalmente, divertimento. As saias continuaram a se encurtar e o estilo andrógino começou a se fazer presente. As mulheres buscavam semelhanças com a aparência masculina, com cortes bem curtos, vestidos de cintura mais baixa, deslocada visando disfarçar os quadris, comprimentos à altura dos joelhos, revelando, pela primeira vez na história ocidental, as pernas femininas em público.
Conforme a década ia passando, a maquiagem foi ficando cada vez mais acentuada. Fazia parte da performance fashion se maquiar em público. Nada de se esconder nos banheiros para passar batom ou pó. Batom na cor vermelho sangue e pó compacto eram usados generosamente, já o blush dava apenas um toque leve nas faces e não era parte do arsenal básico de beleza. Os porta-batons e porta-pós eram trabalhados e bastante sofisticados, assim como as cigarreiras, umas verdadeiras obras de arte.
A moda masculina permaneceu praticamente a mesma nesse momento, tornando-se cada vez mais simples e prática, tendo até mesmo o aspecto de uniformização, uma vez que todos se vestiam com a mesma característica: calça comprida, paletó, colete e gravata.
No vestuário feminino, todas as curvas foram completamente abandonadas, o que acentuava a busca pela aparência de rapazes, ainda deixando os cabelos num corte curto e liso, que evidenciava as linhas da cabeça.
Como pode-se notar, a Primeira Guerra Mundial foi um dos marcos para a moda ocidental, uma vez que ela parou totalmente este ciclo, que viria a ser retomado depois do conflito totalmente diferente de como fora interrompido. Devido a questões lógicas, as roupas sofreram uma mudança radical ao passar por este período, se adaptando, como sempre, às tendências do desenvolvimento mundial. Foi também um fator decisivo para a emancipação feminina, fato que influenciou as vestimentas da época.
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