terça-feira, 6 de novembro de 2007





A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

RESUMO
















Os principais blocos de potências em conflito eram as Potências do Eixo e as Potências Aliadas. As Potências do Eixo contam com Alemanha, Itália e Japão. As Potências Aliadas contam com Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos.
Primeira Fase: começa em setembro de 1939 e termina em junho de 1942. As potências do Eixo estavam se expandindo muito nessa fase. Os alemães invadiram a Dinamarca e a França em abril de 1940, e em maio eles invadiram a Holanda e a Bélgica, e mais tarde a França. Em abril de 1941 os alemães invadiram a Iugoslávia e a Grécia, e então, rompendo acordos anteriores, o exército alemão invadiu a União Soviética. Os italianos avançaram no Egito, e os alemães desembarcaram na África. Então os japoneses avançaram no Pacífico, atacando a base militar de Pearl Harbor. O objetivo principal do Japão era formar um grande império asiático, com a conquista de regiões ricas em matérias-primas, sobretudo petróleo e borracha, necessários para manter sua máquina de guerra. Em dezembro de 1941, a aviação japonesa fez um ataque-surpresa à base norte americana de Pearl Harbor, no Havaí. Foi então que os Estados Unidos acordaram para a guerra. As divergências entre Estados Unidos e Japão já vinham de longa data.
Segunda Fase: as forças do Eixo foram contidas na Europa, Ásia e África. Foi então que o
s ataques aéreos americanos à Alemanha começaram. Em 1943, os russos partiram para o contra-ataque através da Batalha de Estalingrado. A batalha de Estalingrado aconteceu na União Soviética e terminou com a derrota total dos alemães. Todo o prestígio que as tropas de Hitler haviam adquirido nas guerras da Europa Ocidental acabou-se em Estalingrado.
Terceira Fase: a terceira fase foi de março de 1943 a setembro de 1945 e foi a fase final da guerra. Nessa fase as forças do Eixo foram derrotadas, perdendo o Mediterrâneo. No dia 6 de junho de 1944, o Dia D, os aliados desembarcam na Normandia. A Alemanha foi envolvida de todos os lados pelos exércitos aliados. No dia 30 de abril de 1945, vendo que a situação não estava favorável à Alemanha, Hitler e sua mulher se suicidaram. No dia 7 de maio, o alto comando alemão assinou à rendição incondicional da Alemanha. Assim a guerra terminou na Europa, mas só foi terminar completamente com a rendição do Japão, após o lançamento de duas bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki.

Capítulo 1 – Auge e Depressão ao som do Jazz

A vinte e dois de outubro de 1929, Eduard Stevenson acorda ao som compacto e síncrono do telefone. No escritório da mansão do egrégio empresário o toque do telefone mais soava como um aviso fúnebre. Insensatez alarmar alguém tão cedo. Mal sabia. Sir. Stevenson, que maior fora a sua insensatez em acreditar na ilusão do crescimento econômico do seu país. Estados unidos, o dínamo do capitalismo mundial pós I Guerra. Ao fim do grande embate, ele ainda era um jovem estudante de administração. “Doutor Stevenson” era o que ele pensava antes de dormir, ao acordar, ou sem um tempo específico. Doutor Stevenson e nada mais, nada mais de alheio à sua vida, ao seu futuro, ao seu sucesso. “Soa tão bem”, ele pensava. Aquele mundo destruído de 1919 não era o dele. Desde a década de vinte, via seu país crescer mais e cada vez mais.Desenfreadamente.
Seu pai era dono de uma indústria de tecidos, que por sinal, lucrava ainda muito bem. Mas ao jovem Stevenson não interessavam muito ainda os negócios da renomada família, do grande empresário, seu pai, que por ele havia feito tudo. Estudava no Harvard Business School, em Cambridge. Assim que formado Eduard Stevenson, um homem muito bem relacionado, retornou a New York dos anos 20. Estava feito em um rapaz elegante, de charme inigualável. Olhos muito vivos se escondiam às vezes atrás do chapéu cinza que costumava usar em dias nublados. Surpreendentemente, durante um longo período os negócios evaporaram de sua mente. A capital financeira estava tomada de mocinhas bonitas com ar irreverente. Numa noite de meados de 1923 foi ao bar Drinks, sofisticado estabelecimento da Quinta Avenida. Todas as noites, ia a esse bar pra ver a noite passar ouvindo um jazz melancólico na sua plagiada “blue note”. Preferia os melancólicos. Bebeu um café preto transbordand
o chantilly pela extremidade da xícara. Completamente atordoado com o creme que escorria incontrolavelmente viu aquela mulher de cabelos claros, loiríssimos. Ela o observava e sorria com os olhos sádica e graciosa, vendo aquele homem de camisa branca, suspensório, um chapéu cinza ao lado da xícara sobre a mesinha redonda de madeira nobre; sua boca branca de chantilly. Envergonhado esqueceu que à sua frente estava aquela bela jovem, com um charmoso laço de fita envolvendo o cabelo chanel de menina.Lembrou por alguns breves instantes de quando era garoto e ia ao Café todos os sábados de tardezinha. Aqueles momentos de sábados foram inesquecíveis. O pai e a mãe; as calças pelos joelhos. Sempre tomava sorvete deliciosamente, como se estivesse sorvendo a beleza do mundo. Seu rosto ficava pintado de cor-de-rosa. Voltou ao Drinks pós-reflexões, mirando a moça. Chamou o garçom em gesto característico. Pouco tempo depois, um sorvete de morango e um bilhete chegavam à mesa da moça já distraída, mas que ora sim ora não colocava os olhos na direção de Stevenson disfarçadamente (ou não). A moça leu o bilhete e aceitou. “Sir Stevenson. A woman of Paris?” Foram então ao cinematógrafo assistir ao mais recente filme de Chaplin: “Casamento ou luxo?”. A Verdade é que foi uma grande surpresa para Stevenson a moça ter aceitado tão prontamente assistir a um filme de Chaplin sem O Vagabundo. “Melinda”, ela disse espontaneamente o nome dos seus cabelos e de tão belo sorriso. No filme, a história de um homem que acabava de se apaixonar por uma cortesã. Talvez isso não tenha soado muito bem a Melinda. Sem importar-se, ela permitiu que dali brotasse uma intensa e longa amizade.
Ao chegar a casa, percebeu o carro do Doutor Gates, médico da família. Entrou receoso rapidamente pela porta central, paletó nas costas segurado pela mão no ombro. O pai já estava morto. Um súbito ataque cardíaco veio a levar o velho Stevenson da sua empresa, da sua
família, da sua vida. Eduard tão sempre controlado dentro do seu egoísmo, não se conteve ao ver o pai estirado no sofá da vasta sala de estar. Sobre a estampa florida bordada por dourados fios, a visão do pai com a boca espumada e olhos vermelhos entreabertos, calou a sua boca e marejou os seus olhos. O enterro foi seco, morto, vazio. A Sra. Stevenson abraçada ao filho, e um silêncio tomou o jardim da mansão. Todas aquelas flores brancas trazidas por distantes deixaram Sir. Stevenson na mais profunda angústia. Dizem que desde esse momento tornou-se um homem sério. Logo, foi obrigado a assumir os negócios da família que fora destruída por um mal súbito e precisava de alguém para colocar as coisas em ordem novamente. Seu espírito até mesmo boêmio foi substituído por um homem austero e sensato, que ao invés de se divertir com menininhas à toa, precisava de uma mulher apresentável à alta sociedade nova-iorquina. Ao longo de mais de dois anos, jamais deixara de ver sua doce amiga Melinda pelo menos uma vez na semana. Encontravam-se no Drinks ou às vezes iam ao Central Park, Melinda sempre com laço de fita e agora de calças amplas, como a nova moda Chanel permitia. Era uma menina de vinte e cinco. Confidenciavam um ao outro todas as angústias, desejos, imperfeições físicas e psicológicas. A intimidade chegou ao extremo, como se tivessem vivido toda a vida, até aquele momento, compartilhada. Não muito tempo depois se casaram. Talvez esse não fosse o melhor a ser feito, visto que Melinda era uma moça não muito madura, não muito preparada para o cargo a assumir. Sim, porque ela não seria apenas uma mulher casada, mas casada com Sir. Stevenson.
Toda aquela amizade imensa foi em pouquíssimo tempo destruída pelo machismo, pelos negócios, pelo dinheiro, pela ganância, pelo crescimento econômico do país. Era um período próspero. Um grande industrial tinha que aproveitá-lo para investir em novas máquinas. Quanto mais a Stevenson & Co. lucrava, mais Eduard investia na modernização de suas fábricas espalhadas pelo país. As freqüentes reclamações de baixos salários não impediram o crescimento e a produção, cada vez mais automatizada. “Os problemas, evidentemente, estão ligados à venda. As taxas de lucros estão muito baixas”, Melinda (e só ela!) dizia para seu marido que não conseguia enxergar claramente os fatos. Esse era o mais incrível: a euforia parecia ter cegado a maioria da população que se recusava a verificar tal fenômeno. Em 1928, Herbert Hoover eleito para a presidência da República. “ Veja bem, caro Sir Stevenson, o país adotou altas taxas protecionistas, e os países para os quais exportamos estão adotando o mesmo procedimento”. A euforia prosseguia...
Preguiçosamente, Sir Stevenson se dirigiu ao amplo escritório, esperançoso ainda de que o telefone parasse de tocar e ele pudesse voltar a dormir. Abriu a porta que separava a sua sala do hall, e ao adentrá-la, trancafiou-a como de costume. Devagar, sentou-se à bancada e lentamente estendeu a mão para atender ao telefone. “ Sir. Eduard Stevenson”. “Aqui é o Houston” ( Houston era um empresário, conhecido investidor). “Ah, como vai Houston, é um grande prazer lhe falar...” Sir Stevenson mal pôde terminar de dizer seus gloriosos e prolongados amplexos porque recebeu a notícia que lhe calou de imediato. “ Stevenson, a bolsa quebrou.” Houston explicava como tudo aconteceu, e sua voz quase desaparecia em meio ao desespero. Logo, Helmut Röder lhe telefonava da Alemanha, completamente perdido também. Tudo que tinha era em investimentos nos Estados Unidos. Tudo estava absolutamente perdido. A Alemanha estava se recuperando graças a empréstimos norte-americanos, e agora as expectativas eram as piores. A década de vinte tinha sido para a Alemanha de grande inflação e aumento da dívida externa e depois de 1929, o governo alemão, ainda República de Weimer, acreditando que o corte de gastos públicos iria estimular o crescimento do país, eliminou gastos estatais e sociais. A República de Weimar cortou completamente todos os fundos públicos ao programa de ajuda social para desempregados - o que resultou em maiores contribuições pelos trabalhadores e menores benefícios aos desempregados - entre outros cortes no setor social.
Stevenson em um ato completamente instintivo dirigiu-se ao prédio da Bolsa de Valores de New York. As ações começaram a baixar de preço. A partir daí, todas as médias e pequenas empresas faliram. A empresa de Eduard sobreviveu à quebra, mas despedindo operários, reduzindo horas de trabalho e cortando os salários. Um pobre operário da fábrica morreu, deixando a esposa e sete filhos. Sem alternativa, em 1932, votou em Franklin Delano Roosevelt, que anunciara reformas profundas em toda a sociedade americana. Em 1933, havia mais de 15 milhões de pessoas desempregadas nos Estados Unidos é já não havia quem comprar os estoques de cereais. A vida de Eduard mudara completamente desde então. Ao mesmo tempo, mantinha contato com Helmut Röder, que lhe contava que a República de Weimar perdera toda sua credibilidade junto à população alemã, e ascendia agora o nazista Adolf Hitler no governo do país, marcando o início de um breve e ilusório período de crescimento da economia alemã, conhecido como III Reich.
A crise espalhou-se rapidamente pelo mundo, devido à interdependê
ncia do sistema capitalista. Os EUA eram o maior credor dos países europeus e latinos e passaram a exercer forte pressão no sentido de receberem seus pagamentos. Com a quebra industrial, o abastecimento do mercado latino americano foi afetado, provocando a falta de produtos e a elevação de preços, as importações norte-americanas diminuíam e mais uma vez os países latinos sentiam os efeitos da crise, pois viviam da exportação de gêneros primários ou mesmo supérfluos, como o café no Brasil.Na medida em que a economia européia se retraía, as áreas coloniais na Ásia e na África eram afetadas, pois aumentava a exploração das potências imperialistas.O único país a não sentir os efeitos da crise foi a URSS, que naquele momento encerrava o primeiro Plano Qüinqüenal e preparava o segundo, ou seja, desenvolvia uma economia fechada, que não se utilizou de recursos externos, apesar das grandes dificuldades do país após a Revolução Russa e a Guerra Civil.Pouco tempo depois, o New Deal atingiu o ex-nobre empresário. O National Industrial Recovery Act (Nira) limitou a produção industrial e estabeleceu salários mínimos para os trabalhadores, incentivando o consumo. Novas estradas, barragens, hidrelétricas modificavam a estrutura espacial dos Estados Unidos. E as organizações sindicais somadas ao direito de greve deram um certo trabalho para o egoísta empresário. O mundo todo sentia as conseqüências da quebra da bolsa.

Goebbels – O Ás da propaganda nazista
Em 1922, Goebbels se aliou ao Partido Nazista, embora ainda se opusesse a Hitler. Depois, mudou de lado e chegou a desempenhar um papel importante ajudando os Nazistas a obter - e reter - o poder, idealizando a propaganda q
ue apresentava a ideologia nazista sob uma boa óptica para a população alemã.A sua ascensão no sistema do movimento nazi começa como secretário pessoal de Gregor Strasser na zona da Renânia e Vestfália. A partir de 1° de Outubro de 1925 ele passou a ser um dos editores do jornal de propaganda nazista "Die Nationalsozialistischen Briefe". Agitação e propaganda seriam o seu trabalho permanente até à chegada de Hitler ao poder em 1933. Goebbels era frequentemente um organizador de manifestações e lutas de rua com os comunistas. As suas tiradas nos jornais eram permanentemente uma colecção de calúnias e difamações dos judeus, sempre os culpados de todos os males e problemas.Goebbels era nesta altura criticado pelos nazistas mais conservadores por ter um estilo de linguagem comunista. Goebbels e os irmãos Strasser eram conhecidos como a ala "esquerda" do Nazismo. Nesta altura o socialismo estava num plano ainda superior ao nacionalismo. Em Berlim, Goebbels, que tinha sido nomeado Gauleiter por Hitler, vai tornar-se o editor do jornal Der Angriff (o Ataque), um jornal propagandista nazista, publicando constantemente difamações anti-semitas. Em Berlim, o principal visado das tiradas anti-semitas do jornal Der Angriff foi o chefe da polícia municipal de Berlim o Doutor Bernhard Weiss, um jurista que era judeu.Antes de se suicidar, nas etapas finais da Segunda Guerra Mundial, Hitler, em seu testamento escrito no Bunker onde se suicidou, nomeou-o Chanceler da Alemanha - e Karl Dönitz como Führer -, quando os tanques soviéticos tinham entrado em Berlim e já se tinha tornado claro que a Alemanha tinha perdido a guerra. Em 1º de maio de 1945, Goebbels e sua esposa assassinaram seus seis filhos (Helga, Hedda, Helmut, Heide) e depois cometeram suicídio com a ajuda dos seus guarda-costas da SS.




Capítulo 2

Berlin, 15 de setembro de 1935

Já anoitecia na Rua Spandauer Damm quando Sarah Friedmann cruzou a porta de entrada do número 52. Estava, agora, sozinha na casa que pertencia à família Friedmann já há alguns bons treze anos. Não era uma casa nobre, em contraste com as demais grandes e luxuosas residências da Spandauer Damm, que pareciam zombar da estrutura simples e da mobília usada da casa só por se erguerem próximas a ela. A menina perambulava entre as belas construções freqüentemente, e fazia esforço para não notá-las. Porém, elas a seguiam com o olhar até que ela desaparecesse da rua, sem desviar, atentas aos passos da garota. Sarah nem mais se importava. Elas sempre o faziam.
No interior da casa, uma pequena sala de estar a envolvia; o ar estava carregado, quente, úmido. Mesmo assim, ela suava frio. As coisas estavam piorando. Agora, subindo para seu quarto, veio-lhe em mente a imagem de sua avó sentada em uma poltrona a beber chá, como provavelmente estaria fazendo, em algum canto de Frankfurt am Mein. Sim, era hábito da avó judia sempre se sentar à frente da lareira, com uma grande xícara de chá em mãos. Sarah quase podia vê-la fazendo isso; seu ar sereno, olhos azuis profundos... os quais, aliás, a menina lamentava não ter herdado.
Essa honra havia ficado para sua irmã mais nova, que dez anos antes, havia sido batizada com o nome de Gina. Inevitavelmente, os olhos da irmã faziam qualquer um que já havia fitado os da avó recordar de imediato as feições tristes da velha. Não havia nada de Otto no rosto da menina. Não que o pai tivesse do que reclamar: tinha deixado sua marca nos filhos mais velhos.
Ela e Joseph, ao contrário de Gina, enxergavam através de olhos cor de mel, idênticos aos do pai. O comerciante, aliás, já deveria estar a caminho de casa. Sarah gostaria poder evitar o encontro com a família. Naquele momento, queria mais que tudo ficar sozinha com seus pensamentos, exatamente como estava agora.
Novamente, a imagem da vó aparecia em sua lembrança. Agora seu marido irrompia na sala... perguntava-lhe se ela gostaria de mais chá. Enquanto o velho judeu servia a esposa em Frankfurt, a quilômetros de distância dali, em Berlin, uma neta suspirava aflita. Tinha avós judeus... quatro deles. O que a enquadrava no Primeiro Regulamento, artigo V, Seção 1:
“Um judeu é um indivíduo que descende de pelo menos três avós que eram judeus racialmente puros...” O que menos importava, é claro, era a religião seguida por este desafortunado indivíduo. Não havia modo algum de abdicar da condição judaica, uma vez assim classificado pelo regulamento. Estavam condenados. Todos eles.
Sarah estava tão imersa em seus pensamentos que não ouvira o ranger da porta da frente se abrindo. Só percebera que o irmão havia chegado quando este apareceu na porta do quarto, rosto tenso e cansado, mesmo assim sorrindo para ela. A menina não retribuiu; apenas encarou Joseph com um olhar de quem pede desculpas por não ter forças para sorrir. Ele as aceitou, e ainda sorrindo, sumiu atrás da parede.
Se havia alguém a quem admirar, pensou ela naquele momento, sem dúvida seria aquele de quem acabara de ter um vislumbre. Joseph Friedmann era a pessoa mais tranqüila e compenetrada que conhecia. Muito mais maduro que qualquer garoto de dezessete anos, era do tipo que não precisava falar muito: conseguia confortar as pessoas com o olhar. Tinha grande habilidade em passar por problemas como se não fossem nada. Não que houvesse poucos: a quantidade também não importava. De qualquer maneira, por pior que as coisas fossem, conseguia sempre fazer com que parecessem nada, ou quase isso.
Agora a pouco, ele tinha saído do campo visual da irmã com o sorriso indiferente que era a sua característica mais marcante. Havia algo de mágico naquele sorriso que Sarah não conseguia explicar. Era reconfortante e breve como uma palavra de consolo; porém, podia produzir mais efeito que qualquer som fonético. Era como se ele risse da situação. Nada no mundo parecia ser capaz de atingi-lo.
Todo esse sarcasmo diante de tempos tão difíceis podem parecer tolice para alguns, porém era tudo com o que outros podiam contar. E isso não o fazia agir com menos racionalidade; outra das qualidades de Joseph era sempre saber a hora de contestar e a hora de concordar. Algo que poderia ter salvado a vida de muitos. Mas que não fora suficiente para salvar a dele.
Sarah colocou as mãos no rosto e pressionou-as, como se quisesse acordar de um pesadelo. Era um péssimo dia. E mais que isso, aquele dia tinha sido a confirmação de que as coisas iriam mudar – para pior.
Era o que ela havia pensado num dia parecido com este, mais de dois anos antes. A menina não se recordava, mas tinha sido um trinta de janeiro como a Terra jamais veria pior.

Alemanha, 30 de janeiro de 1933

Ainda não anoitecia na Rua Spandauer Damm quando uma menina de doze anos cruzou a porta de entrada do número 52. Quase toda a família Friedmann já estava a sua espera. Faltava apenas um garoto de quatorze anos, cuja presença era indispensável para a menina Sarah. Joseph não demoraria a chegar.
E quando isso acontecesse, a família estaria finalmente reunida numa pequena sala de estar, de ar carregado, quente, úmido. Porém, não há motivo para detalhar o enredo do primeiro péssimo dia de uma série de péssimos dias que se seguiriam. Vamos passar somente pelo necessário.

Era aniversário de Tia Dalia. A família iria fazer uma visita à irmã de Margot, apenas para dar votos de boa sorte, saúde, paz, enfim. A mãe e a tia até que se relacionavam bem. Mas não estavam tão preocupados com isso, aquela mulher ainda teria muitos anos pra viver, eles pensaram na época. Suposição que se mostrou totalmente errônea, apenas dois anos depois.
Pobre Tia Dália. As pessoas do mundo todo saberiam a data de seu antepenúltimo aniversário. Não, é claro, por ser a data em que uma senhora completaria 58 anos, mas sim por ser um dos últimos dias felizes de milhares de pessoas. Um dos últimos dias em que os judeus poderiam viver como cidadãos alemães dignos. O último dia em que o mundo ainda estava livre das mãos do recém nomeado Chanceler da Alemanha, Adolf Hitler.

Spandauer Damm, 15 de setembro de 1935

Sarah acordou com sacudidelas carinhosas vindas das mãos de uma Margot aflita. Todos já estavam em casa, e a mãe a chamava para jantar. A garota havia adormecido sem querer, pensando nas expectativas que tivera quando aquele sujeito do partido Nazista se tornou Chanceler da Alemanha. E então, mais uma vez tinha a confirmação de que estava, infelizmente, correta em seus maus presságios.
Disse à mãe que não demoraria a descer. A mulher se retirou do quarto, e deixou a menina mais uma vez sozinha com pensamentos. Ela saiu do quarto logo em seguida e foi lavar o rosto no banheiro do corredor. A água, no entanto, não podia afastar a sensação que ela tinha de estar acordando de um pesadelo para continuar em outro.
E quando desceu as escadas em direção à cozinha, já não estava mais descendo degraus de uma casa de cidadãos alemães, pois o número 52 da Rua Spandauer Damm agora já não passava de uma moradia insignificante de nojentos porcos judeus.

Alemanha, 1º de abril de 1933

O dia memorável de primeiro de abril do mesmo ano em que o futuro Führer se torna chanceler alemão foi marcado pela grande quantidade de boicotes de lojas do comércio judaico. Desde que Hitler assume como chanceler, começa uma forte campanha para isolamento entre os judeus e a raça ariana, assim obrigando-os a sair do país.
A tapeçaria de Otto Friedmann não foi uma exceção à forte onda de boicotes. Com incrível rapidez, as vendas da loja caíram até chegar a quase nenhuma, e a falência começava a ser algo evidente. Pouco menos de dois meses depois, essa evidência foi comprovada.
A família passou a viver com muito mais dificuldade que de costume. Havia, agora, uma luta diária pela sobrevivência. No entanto, não adiantavam todos esses esforços. Num futuro próximo, mais precisamente dia 15 de setembro de 1935, a nova raça judaica deixaria de ser classificada como cidadãos alemães.
Como o mundo parecia não estar levando a sério a sua limpeza étnica, o Führer resolvera transformar isso em lei: os judeus perderiam oficialmente todos os direitos que ainda lhes havia restado. Era o que afirmava claramente a nova Legislação Racista de Nuremberg.

Berlin, 1938

O ano de 1938 começava de forma tão tranqüila que ninguém poderia dizer que seria marcado com a forma tenebrosa com que as coisas ocorreriam nele. Não que alguém achasse que algo iria melhorar. A abertura do primeiro campo de concentração de Buchenwald em julho do ano anterior era uma prévia confirmação de que as coisas não iam ser nada, nada bonitas.
No número 52 da Rua Spandauer Damm, uma garota de quatorze anos estava sentada à frente da lareira acesa, pensativa. Seus olhos azuis, que todos diziam ser iguais aos da avó, percorriam a sala vazia. O único som que podia ser ouvido era o crepitar do fogo, a não ser os eventuais uivos baixos vindos do vento soturno da rua. Gina estava encolhida no chão, e seu rosto, muito quente, em função da curta distância que se encontrava da fonte de calor. Se Margot estivesse ali, com certeza diria à filha para recuar um pouco, a meu Deus, você está doida menina? Porém ela não estava.
Dentro da casa estava tão escuro que se houvesse um relógio e alguém perspicaz ali dentro, diria que a marcação de duas e quarenta e três da tarde era totalmente absurda. Não era. Mas não havia com o que se preocupar, pois nenhum tipo de marcador de horário poderia ser encontrado dentro da pequena moradia, e a única pessoa ali dentro, embora perspicaz, não estava nem um pouco preocupada com algo tão superficial quanto as horas.
Nem o dia ela sabia ao certo... talvez estivessem em setembro. Isso também não era importante. Desde que o pai falira e que a casa da família passara a ser um pouco mais que um montueiro de tijolos bem equilibrados, pouca coisa havia restado para se chamar de importante.
Gina não estava nem um pouco inclinada a dar atenção a datas e horários. Lembrava-se apenas da notícia que montara anos antes, alguns pedaços vindos do rádio, outros de uma pessoa aqui, acolá. No final, o quebra-cabeça resumia-se numa lei promulgada por Hitler, que prescrevia que o cargo de presidente seria unido ao de chanceler, a partir da morte do então atual presidente da Alemanha, Paul von Hindenburg. O presidente morrera três horas depois da promulgação. Hitler, assim, era declarado Führer: presidente da Alemanha, Chanceler, e líder do partido.
Ninguém sabia a causa da morte de Hindenburg, embora, é claro, todos soubessem. A menina sorriu ao repetir mentalmente a frase contraditória. Um pouco antes de Margot e os dois irmãos chegarem a casa, ela já havia se recolhido para o quarto.

O pai fora o último a chegar. Tinha ouvido boatos sobre uma eventual marcação do passaporte de todos os judeus, e que o partido Nazista iria fazê-lo para ter mais controle sobre os judeus, e impedisse que estes se refugiassem em países vizinhos. Eram só boatos... as fontes não eram tão confiáveis assim, no entanto, Otto achava bem possível, e até chegou a esperar alguma atitude semelhante dos nazistas.
Pensando assim, iniciou a tentativa de providenciar secretamente documentos falsos para os Friedmann. Planejava se refugiar na casa de uns ex-cunhados, em Amsterdã; já havia pensado nisso antes, logo quando nazistas destruíram a sinagoga de Nuremberg. Mas agora com os boatos de que seriam marcados, não havia mais como adiar a decisão. Eles teriam que partir.
Um mês depois (o governo iniciou a identificação dos documentos dia sete de outubro), Otto já havia conseguido tudo que necessitava: documentos falsos, passagens, a confirmação de que os Breghet os aceitariam (esta última fora quase a mais difícil).
Esta era a última coisa de bom que Otto fazia à família.

Nove de novembro de 1938

Kristallnacht talvez não seja um nome apropriado para denominar o que ele fora criado para denominar. “A Noite dos Cristais”, em alemão, ficou conhecida assim em função do grande número de janelas que foram quebradas naquela noite. Porém, é um nome muito romântico para dar ao momento que marcou o início do holocausto judeu. Um ataque violento maciço a pessoas com a destruição simultânea do seu ambiente (casas, negócios, centros, etc.), ou pogrom, é um nome mais apropriado. Talvez por isso, haja também a denominação dessa mesma data como Reichspogromnacht.
Era a noite de nove para dez de novembro de 1938. Mais de cem judeus foram assassinados. Depois dessa noite, vendo suas casas destruídas, muitos deles contribuíram ao movimento anti-semita de Hitler se suicidando. Sinagogas por toda a Alemanha e Áustria foram queimadas e saqueadas. Os bombeiros haviam recebido ordem para deixá-las queimando, apenas impedindo que o fogo não se alastrasse para construções próximas.
As vitrines de aproximadamente 7.500 lojas judaicas foram quebradas, e a mercadoria, levada.
O pogrom foi especialmente destrutivo em Berlin. Ao clarear do dia dez de novembro, o número 52 da Spandauer Damm fora ainda mais diminuído, desta vez para cinzas. Sarah, Margot, Gina e Joseph fugiram da casa ao ver a grande quantidade de fumaça que levantava em direção ao céu, não muito longe. Pouco depois que os três a deixaram, ela se tornava mais uma das fontes de fumaça.
As ruas de Berlin estavam mais cheias que o normal. Muita gente havia saído de suas casas para assistir à destruição, ou para ajudar na destruição, ou para não ser destruído junto com ela. Os quatro estavam fazendo o caminho inverso ao de Otto, que ao perceber o alvoroço, tomou a direção da casa, atrás de seus filhos. Por isso é que eles acabaram topando com o corpo sangrento do pai jogado à calçada, muito perto de onde ele, momentos antes, estivera tentando ganhar a vida.
É claro que o cadáver de um ente querido atirado ao chão é um bom motivo para parar na rua, chorar e se ajoelhar sobre ele demoradamente. Mas um tiro ecoando ao longe, fumaça de residências queimando e um grande número de pessoas na rua querendo ver o extermínio de sua raça pode ser um motivo bastante forte para sair correndo.
Os membros da família Friedmann que ainda viviam correram para a abandonada casa de Tia Dalia. Esta não tinha sido queimada, talvez por que os alemães já estivessem bastante satisfeitos com a forma brutal com que ela havia sido morta há dois anos. Ou talvez por que tenha sido esquecida, já que ficava afastada das grandes concentrações de judeus da cidade.
De uma forma ou de outra, quando os quatro chegaram pelos fundos, a casa ainda estava lá. Esconderam-se no porão, e aguardaram o final daquela Kristallnacht horripilante. Mantiveram-se em um quarto secreto da casa. Três anos depois, estavam embarcando num trem rumo à Polônia... Onde?? Ao sul.

A COPA DE 1938

A França foi escolhida para sediar a Copa de 1938. Jules Rimet (fundador da FIFA) era francês e o sucesso comercial da Copa anterior motivou a decisão de manter o torneio na Europa apesar da possibilidade de haver uma nova guerra. A Argentina, revoltada, e outros países sul-americanos não enviaram suas seleções. A Guerra Civil Espanhola impediu a “Fúria” de participar da copa. O público francês vaiava os jogadores italianos e alemães durante suas saudações nazi-fascistas. A “squadra-azurra” mudou seu uniforme para preto, cor oficial do fascismo, e na seleção alemã, a suástica era a marca do fanatismo. Em 1938, a Áustria, que tinha seu melhor time em anos, foi anexada à Alemanha nazista. Mesmo com os jogadores cedidos, os alemães froam eliminados na primeira fase, perdendo para a Suíça. O judeu Mathias Sindelar, um dos craques da extinta seleção austríaca se recusou a defender uma seleção anti-semita e cometeu suicídio após a copa do mundo. O Mundial da França registrou a pior média de público até hoje. Talvez o clima de guerra tenha estimulado o desinteresse do público. O Brasil chegou em terceiro lugar, e teve o artilheiro da competição: Leônidas da Silva, o “Diamante Negro”

Entre Capítulo 2 GUERRA CIVIL ESPANHOLA

Pablo Hernandes, um pobre camponês espanhol, fiel na igreja, e por isso, vivia de modo simples, pois a modernidade era considerada (pela igreja) obra do demônio, e era comandado por um hidalgo (latifundiário). A Espanha era tradicionalista, sempre parada quanto à economia e política.
Ele, por mais que fosse um homem pacato, começou a perceber que seus companheiros e ele estavam sendo completamente explorados, formando quase uma escravidão. Ele começou a pensar, e percebeu que não estava sendo feliz ali e que nem estava trabalhando para Deus. Percebeu também que a igreja estava fazendo a cabeça deles e de seus companheiros de trabalho para que não pensassem sobre o assunto e não se revoltassem contra isso
O ditador Primo de Rivera renunciou, e o rei Afonso XIII tentou restaurar o regime parlamentar.
Em abril de 1931, foram convocadas eleições. Pablo Hernandes foi votar e votou no partido republicano, mas a monarquia acabou vencendo, por mais que a república tenha ganhado nas maiores cidades.
O Rei Afonso, prevendo uma guerra civil, abdicou e convocou novas eleições para compor uma assembléia. Como a assembléia proclama a separação da igreja do estado, o chefe também abdica. Nas novas eleições, em dezembro, Pablo Hernandes ficou feliz, pois a esquerda saiu vitoriosa, mas vê que o governo não consegue organizar o país nem organizar as questões agrárias e trabalhistas.
Em 1933 os anarquistas não apoiaram os partidos da esquerda, pois estavam descontentes com o governo, e assim permitiram a vitória da direita. Segue-se uma insurreição da esquerda, e com isso milhares de militantes foram presos, e eles decidiram nas próximas eleições em 1936 apoiarem o governo de esquerda, na esperança de anistia para os amigos presos. A esquerda ganha, com o presidente Manuel Azaña, mas a direita, apoiada pela igreja prepara um golpe militar e concretiza o mesmo.
Ele lembra que em 1929 o desemprego era baixo e o salário médio aumentava. Mas isso incomodava a igreja, que era contra a modernização e não admitia o crescimento do país. Pablo, então, resolve se aliar aos anarquistas e lutar contra a igreja. Incendiavam as igrejas, matavam os padres, freiras, monges e bispos, queimados ou enterrados vivos, o estado não interferiu nesses ataques, porque se apoiava nos partidos de esquerda. Ele não gostava do que faziam, mas seus companheiros diziam que era o único modo de eles vencerem a igreja.
Pablo ia a muitos discursos de seu presidente, mas o que mais o marcou foi um em que Azaña falou: “Prefiro ver todas as igrejas da Espanha queimadas a ver uma cabeça republicana ferida”.
Os fascistas estavam tentando acabar com a estabilidade da esquerda no governo a qualquer preço, e Pablo não estava gostando nada disso, pois a esquerda saindo do poder, eles perderiam a democracia e voltariam à monarquia.
Os monarquistas espanhóis receberam um grande apoio diretamente da Alemanha de Hitler, da Itália de Mussolini e do Vaticano, que teve as igrejas espanholas destruídas.
Os republicanos tiveram ajuda da URSS, das brigadas internacionais, compostas por militantes comunistas e anarquistas de todo o Mundo e de numerosas pessoas que entravam porque queriam na Espanha para proteger a república.
Josef Stálin, com medo de criar problemas diplomáticos para a URSS enviando muitas tropas para a Espanha, facilitou a derrota da República e a vitória da direita.
No fim, todos os companheiros de Pablo foram mortos ou presos, ele foi preso e encontrado enforcado em sua própria cela.

Capítulo 3 – Inícios e Fins

No porto de Dantzig, chega numa manhã fria de 1938, um senhor de porte fúnebre, curiosamente romântico. Como se a própria morte atraísse. Tito Janiack, de camisa cor de champanhe escondida por debaixo de um blusão; cabelos lisos movendo-se com o vento gelado. Filósofo judeu, fugiu da Alemanha quando percebeu as tensões e o que estava por vir com a difusão do nazismo até mesmo na cabeça de crianças aparentemente tão ingênuas. Um casal de amigos, Katherine e Karl Kowalick ofereceram sua casa para hospedagem. Receberam-no preocupadíssimos e muito interessados em ajudá-lo. Tito sempre tão sereno, os cumprimentou de forma educada, absolutamente conquistador. Após uma pequena viagem chegou a casa de dona Katherine, em Varsóvia. O frio foi interrompido instantaneamente pelo calor que vinha de uns pedaços de lenha ardendo em brasas na lareira. Tito era um homem extremamente culto, sábio, inteligente.Muito bem letrado em francês, alemão, inglês e polonês, não tinha grandes problemas nas suas costumeiras viagens pela Europa. Agora viajar tornou-se uma necessidade, e muito infelizmente.
No dia seguinte alguém lhe bate a porta do quarto. Era Lisa Kowalick, a filha do casal. Uma jovem belíssima, de pele branca e cabelos amarelos. Lábios cheios e pintados; um “bater à porta” doce e suave. Tinha vinte e três. Tito vestiu um pulôver amassado rapidamente, e abriu a porta. Lisa sem sequer dizer seu nome, de cabeça baixa, ofereceu uma xícara de café com biscoitos amanteigados que sua mãe dona Katherine havia enviado gentilmente. Ele aceitou; agradeceu. Pegou a bandeja e colocou-a sobre a cômoda. Quando olhou para a porta entreaberta, Lisa já não estava mais ali. Instantaneamente correu para a entrada do seu quarto acreditando ainda poder vê-la sumindo no corredor. Viu apenas uma ponta do sobretudo cor de sangue que ela usava. Apaixonou-se instantaneamente pela jovem filha dos seus amigos. O que estava feito agora não poderia ser mudado. Ela resistiu ao máximo à presença de Tito, mas seu charme, elegância e principalmente sua tranqüilidade ao falar foram aos poucos a envolvendo. Em pouco tempo estavam mantendo encontros secretos, na realidade nada mais faziam do que passear pela noite daquele bairro judeu, ou ir a cafeteria, mas apaixonadamente. No início de 1939, desconfiando da ausência da sua filha e do hóspede, Karl Kowalick decide começar a analisar esses sumiços que se tornavam cada vez mais freqüentes e inoportunos. Inevitavelmente, encontrou a tão inocente, sua filha, Lisa, abraçada a Tito em um beco não muito distante. Isso foi motivo suficiente para romper a longa e proveitosa amizade com aquele homem que agora se aproveitava da sua meiga menina. Foram anos de companheirismo, solidariedade, tudo acabado pelo espírito galanteador que Tito tinha incontrolável dentro de si. Não poderia mais ficar na casa dos tão generosos Kowalick, isso seria não ter o mínimo senso, não ter vergonha, não ser homem suficiente para assumir seus erros, suas imperfeições, suas fraquezas. Os cabelos daquela menina de pele branca e face corada lhe tinham sido a perdição. Não demorou muito para se retirar da cidade e deixar uma grande lacuna na vida de Lisa. Karl evitou qualquer grande constrangimento e pediu para que Tito partisse sem informar o fato à sua filha. Sem despedidas... Mas uma carta, uma carta ele não poderia deixar de escrever...
Lisa acordou naquela manhã. Encontrou com os olhos sonolentos(pois ainda estava deitada) próximo à porta do seu quarto um papel escurecido por uma mancha de café. Levantou da sua cama depressa, já supondo a terrível notícia que teria que ler dolorosamente. A letra de Tito, o cheiro e o jeito dele estavam impressos naquela folha de papel, tristemente. Ele havia partido para Paris. A chuva levou a mensagem daquela carta, a mágoa daquele amor, a angústia daquela manhã, e trouxe a fúria dos alemães a primeiro de setembro de 1939.
Hitler queria a devolução do porto de Dantzig e livre acesso até o Báltico pela Prússia Oriental, ou seja, o Corredor Polonês. A Polônia, porém, garantida pela Inglaterra e França, não estava disposta a ceder, mesmo considerando a distância geográfica em que estavam seus aliados. Antes mesmo de invadir a Polônia, Hitler ocupou a zona desmilitarizada da Renânia que pertencia à França, anexando-a ao território alemão. Ainda anos anteriormente a esse fato, em 1934, Hitler depôs o então chanceler austríaco Engelbert Dollfuss, tentando de forma fracassada impor um regime nazista na Áustria. A Operação Case Otto anexou a Áustria ao Reich. O acordo de Munique decidiu a entrega da Tchecoeslováquia em mãos de Hitler, nas primeiras horas da madrugada de 30 de setembro de 1938. Adolf Hitler, Nevile Chamberlain, Deladier e Mussolini assinaram o acordo. Foi um ato de traição à Tchecoslováquia. Aos seus representantes no encontro - Inglaterra e França - ficou a tarefa de comunicar que teriam de render-se ao ditador alemão, com a entrega de seus territórios. O saldo do encontro, ratificado posteriormente em 20 de novembro de 1938, forçou a Tchecoslováquia a entregar à Alemanha 11.000 milhas quadradas de território, onde viviam 2.800.000 sudetos alemães e 800.000 tchecos. Nessa área estavam todas as imensas fortificações tchecas que constituíam a única linha de defesa na Europa, à exceção da Linha
Maginot. A entrega da Tchecoeslováquia foi um ato vergonhoso. Pode-se dizer que Hitler manipulou o "pacifista" Chamberlaim, que tentava "apaziguar" o ditador alemão a qualquer preço, e Deladier, representante de uma França amedrontada com a ameaça alemã. Curioso é que Hitler usava o blefe como um tarimbado jogador de pôquer. A França, à época da ocupação da Renânia, poderia ter derrubado o castelo de cartas de Hitler com sua força militar extremamente superior, porém, amedrontado, o Alto Comando do Exército Francês limitou-se a reforçar suas fronteiras.
No primeiro dia do mês de setembro o Plano Branco veio a destruir as expectativas de fuga da família Kowalick. O encouraçado alemão Scheleswig-Holstein abriu fogo contra o território polonês de Wasterplatte. Em terra, dentre muitos outros poloneses, estava Karl Kowalick, tentando desesperadamente, como em um ato de quem não sabe o que fazer e está completamente perdido, cavar trincheiras. Recrutado tão rapidamente para a cavalaria polonesa, foi bravamente mesmo sabendo que não teriam chances. Sob o comando do às da I Guerrra, o Marechal Herman Goering, a moderna e mortífera Luftwaffe bombardeia as posições polonesas. A “Blitz Krig”, Guerra Relâmpago, fez a Polônia cair em menos de um mês.
Karl Kowalick foi morto.

Entre Capítulo 3

Ano de 1935. Recém chegada na Antiga Corte e agora Capital, a família dos Silva, a mãe e os três filhos, acabara de abandonar a seca do nordeste, deixando para trás o cadáver do pai que morrera tuberculoso. Com as poucas economias, instalaram-se na casa de parentes que, alguns anos antes, também fugiram da seca e miséria do sertão. A mãe logo arrumara trabalho de lavadeira e José Antonio, o Toninho, filho mais velho (com apenas 15 anos), saira em busca de um trabalho, afinal, agora ele era o “homem da casa”.
“A situação é difícil, mas tentarei arrumar um emprego para você”, foram as palavras de Paulo, primo de Toninho que, sendo três anos mais velho, acabara de entrar para o Exército Brasileiro. Já se passara dois meses desde que os Silva vieram para o RJ e Toninho ainda não conseguira emprego. A situação estava tensa. Getúlio deveria deixar o poder no fim de 35 e os boatos eram de que os Comunistas estavam prontos para dar um Golpe. O que ninguém sabia era que Getúlio não pretendia deixar o governo..
No meio do mês de novembro, Toninho conseguiu um emprego como redator em um jornal. Verdade é que Paulo falou com um de seus superiores pedindo esse cargo: “Verei o que posso fazer”, disse o superior, “Muito obrigado, Capitão. Não sei nem como agradecer”, disse Paulo, “Não há de quê. Quando for preciso, sei que você saberá retribuir”. E ele iria. Anos mais tarde, faria um favor que mudaria a vida de seu primo mais uma vez.
Luis Calos Prestes, juntamente com seus aliados, temerosos com a admiração de Vargas pelas idéiais facistas de Hitler, pretendiam afastar o presidente do poder e assim criara-se a ANL. Nos dias 26 e 27 de novembro, os comunistas estavam preparados para dar golpes em vários estados do país. No entanto, Vargas já tinha tomado conhecimento e preparara forças para impedir a “revolução”. Prestes e seus companheiros foram presos. Olga Benário – esposa de Prestes – exilada e posteriormente morta em campo de concentração. Nessa época foi instaurado o Governo Provisório que duraria 2 anos e terminaria com Estado Novo, deixando Getúlio no poder por mais oito anos.
Quando, em 1937, Getúlio deu o Golpe de Estado, José Antonio já estava “cobrindo reportagens” e entendo a realidade em que o país estava inserido. Fora promovido depois de conseguir uma reportagem pessoal com o chefe do Exército – mais um dos favores que Paulo conseguira com um de seus superiores.
A situação da família Silva já mudara, consideravelmente, ao passo que outros dois irmãos de Toninho já haviam conseguido emprego. No Brasil, medidas quase que draconianas foram instauradas para que Vargas continuasse com o poder pleno e por isso, os ânimos da população começaram a alarmar-se diante das crises socio-economicas que se instalaram por todas as fronteiras brasileiras.

No Brasil, Vargas tomara medidas nacionalistas e protencionistas no que tange a economia. Os empresários nacionais passaram a ter mais oportunidade para desenvolver seus negocios a medida que as fábricas estrangeiras aqui instaladas, passaram a sofrer pesadas restrições.
Mesmo os direitos institudos pela Carta de 1934 ( jornada de trabalho de 8h e outros direitos, incluindo o de greve) já não mais satisfaziam aos desejos dos sindicatos trabalhistas que, atrelados ao Governo, desempenhavam funções assistenciais. Vargas, preocupado com uma possível revolta dos sindicatos, instituira o Imposto Sindical que consistia no pagamento de um dia de trabalho por ano de cada operário, sindicalizado ou não. O dinheiro ia para os sindicatos. Não satisfeito e ainda temeroso com o descontentamento das classes baixas, Getúlio criara a Justiça do Trabalho(1939), o salário mínimo(1940) – data em que realmente fora aplicado, pois já havia sido institucionalizado na Carta de 1934 – e a Consolidação das Leis do Trabalho(1943). Com todos os privilégios que concedera as camadas populares fora chamado “pai dos pobres”. No entanto, a burguesia da época se revoltara com os acontecimentos e obtivera, com isso, a proibição – para os trabalhadores - do direito de greve que pertencia a carta de 1934, sendo por estes chamado de “mãe dos ricos”.
Para manter o Exército a seu favor, Getúlio reequipara-o com armamentos comprados da então Alemnha nazista, o que desgostara alguns países anti-facistas e parte da população brasileira. Denominara cargos públicos à militares e aumentará em quase 20% os gastos com as forças armadas.
No entanto, Vargas ainda assim se mostrava um ditador. A diferença entre ele e os governos de Mussolini e Hitler estava na figura carismática que ele forjara para a nação e estabelecera através da DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – a partir do ano de 1939, que responsabilizara-se por cultuar a imagem de Vargas e censurar a imprensa. É desta época que originara-se a Hora do Brasil, que fora criado com o intuito de prestigiar os feitos do presidente. Mas o povo não era cego. E as coisas estavam para mudar.

Com a formação da DIP, algumas rádios e jornais da época começaram a demitir funcionários e, agora sem favores de “maiores”, Toninho também fora demitido. Revoltara-se com a situação que fora tomada no país. E não era só ele. Grande parcela da população estava desgostosa com as medidas anti-liberais. Em 1942 Paulo fora promovido a Aspirante e percebera que as coisas estavam para ser mudadas...



Capítulo 4 – Cartas de Lisa Kowalick

“ Varsóvia, 02 de outubro de 1940.

Querido Tito Janiack,
Meu pai foi assassinado. Sim, assassinos covardes! Pouco tempo depois de teres deixado a nossa casa, a Polônia foi brutalmente invadida pelos alemães. Eu disse a papai que ficasse conosco, mas ele insistiu em defender seu povo e sua família. Não fugiu, enfrentou a Luftwaffe a cavalo! Olhai, Tito! A cavalo! A guerra destruiu a minha família. Não há mais esperança, minha mãe está inconsolável. Estaria sendo completamente desumana se te pedisse para retornar à Varsóvia. Há soldados alemães para todos os lados.... As tropas desfilaram vitoriosas pelas ruas da cidade... ( lágrimas tristes escorrem pelo rosto de Lisa).
Estamos vivendo em um Gueto. Na realidade, mamãe está a beira da morte.
Malditos! A visão do combate era absolutamente infernal, cerca de seiscentos tanques e muitos carros blindados entrando pela cidade, como se fosse um animal enorme esmagando um inseto.Hitler quer nos eliminar, Tito, e pelo que vejo aqui na minha amada cidade destruída, ele fará de tudo para atingir os seus objetivos. Alucinado! Vivemos num quarto com mais sete mulheres. Tu não sabes o quão fétido é esse lugar em que estamos morando, ou seria o lugar em que estamos morrendo? O Judenrat tomou a responsabilidade pela alocação das habitações disponíveis - uma média de nove crianças por quarto, algo realmente horrível. O pior mesmo, são as criancinhas subnutridas, famintas, que se contentam com um prato de sopa rala...
Soube da invasão à França. Tito, espero que estejas bem em Paris. Agradeço porque fugiste antes da desgraça se abater definitivamente sobre nossas vidas.
Com carinho,
Lisa”.

“ Varsóvia, 10 de Janeiro de 1941.

Meu amado Tito Janiack,
Escrevo essas cartas há tanto tempo, espero um dia poder envia-las. Os jornais aqui informam o que está acontecendo fora da Polônia. Fico pensando às vezes, qual a necessidade de tudo isso?
É incrível que mesmo mergulhados nessa miséria, aqui no gueto há ainda consertos de música clássica. (...) Estima-se que cerca de 380 mil pessoas estão vivendo aqui. Mamãe está cada vez pior, está muito magra e doente. É horrível ver gente morrer, ver a tua família morrer e não poder fazer nada. É como se tivessem amputado minhas mãos. Estou completamente sem ação.
Lisa Kowalick,
Não sabes a falta que fazes...”


“Varsóvia, 17 de Outubro de 1941.

Querido e distante Tito,
Um ano após a invasão, minha mãe está morta. Tifo. A guerra acabou com a minha família. Estou sozinha em meio a um monte de gente desconhecida, faminta, mal vestida. É a visão da morte, da tristeza e apesar de tantas pessoas estarem aqui, é a visão da solidão. (...) Ouvi um tal Władysław Szpilman tocar piano essa noite. Lembrei-me de bons tempos em que saíamos à noite pelas ruas da cidade.
Cuido de umas meninas esqueléticas que perderam os pais e são órfãs. Nos alim
entamos com comida contrabandeada. Elga e Kathy, as meninas, são a única coisa que ainda me dá um pouquinho de alegria: estou sendo útil para algum fim...Quando isso tudo irá acabar?

Lisa”.

“Varsóvia, 02 de setembro de 1942.

Tito Janiack,
Talvez agora, algumas mudanças na minha vida me tragam novas perspectivas. A deportação para o leste. Disseram que vamos para uma frente de trabalho e eu tenho a possibilidade de ganhar dinheiro! Já não suportava mais continuar aqui no meio de tanta pobreza, olhos tristes e sedentos, bocas famintas. Quem sabe ao fim a guerra eu possa recomeçar a minha vida? Gostaria muito de te ver agora...
Beijos meu querido Tito,
Lisa”.

Em 1942, começou a estratégia nazista de eliminação e ela tinha um nome – deportação para o Leste. Às pessoas nos guetos, afirmava-se que iriam para uma frente de trabalho. Mas, no final da viagem, eram os campos de extermínio que as esperavam: Treblinka, Sobibor, Chelmno ou Auschwitz. No dia 16 de maio de 1943, terminou o levante dos judeus no Gueto de Varsóvia. Até janeiro de 1943, quase 317 mil pessoas foram deportadas e mortas nas câmaras de gás. Em abril de 1943, quando o gueto deveria ser inteiramente evacuado, os restantes rebelaram-se – sem esperança de sobreviver e sem ajuda externa. Desesperados, conseguiram resistir quatro semanas às tropas muito mais fortes da SS de Hitler.




Capítulo 5 – Melodia de Guerra

Tito Janiack chega a Paris em janeiro de 1939. Meses depois, conheceu Anne Marie, ao som de Lili Marleen, o hit da época, e esqueceu a pobre Lisa Kowalick. Anne, moça alta, magra, sempre usava vestidos amplos de cintura fina. “Vor der Kaserne, Vor dem großen Tor, Stand eine Laterne...” Eles viveram um romance em meio à Batalha da França. Após a derrota da Polônia, Hitler começa a preparação do plano de invasão da Europa Ocidental. A França e a Inglaterra começam seus preparativos para conter um possível ataque alemão. Porém, o período que se segue ficou conhecido como “Guerra de Mentira”, pois desde fins de setembro de 1939 até abril de 1940, as hostilidades simplesmente eram inexistentes, à exceção de uma ou outra incursão aérea de ambos os lados em nível de reconhecimento. A Inglaterra mandou a território francês a BEF (British Expedicionary Force) e a RAF ( Royal Air Force). A França, por sua vez, acreditava estar protegida pela majestosa Linha Maginot, que era uma barreira de fortificação com extensão de 400 km. Construída ao longo da fronteira franco-germânica. Na verdade, a Linha Maginot foi construída após a Primeira Guerra Mundial com o objetivo de barrar os alemães, e a França nunca mais sofrer uma invasão germânica. No entanto, fora construída baseada nas antigas teorias da guerra linear de 1914, ignorando a moderna aviação que poderia bombardeá-la facilmente e também o transporte aéreo de tropas. Hitler direcionou seus exércitos ao norte, ocupando a Noruega e a Dinamarca. Franceses e Ingleses enviaram tropas para impedir esse ataque, mas fracassaram. Mais tarde, efetua desembarques nas cidades de Haia e Rotterdan e também na fronteira oriental holandesa. A Holanda caiu em cinco dias. A Bélgica sentiu os efeitos da Blietzkrieg alemã, sendo a tomada de Albert Canal e da fortaleza de Eben Emael uma das mais brilhantes operações aerotransportadas da guerra.
Uma desagradável surpresa foram as maciças divisões blindadas alemãs saindo das Ardenas e entrando em território francês. O ataque alemão à Holanda e à Bélgica propiciaram aos exércitos de Hitler dar a volta por trás da Linha Maginot, evitando o combate frontal. Encurralaram franceses e britânicos contra o Canal da Mancha. O rompimento das linhas francesas em Sedan, que tinham o objetivo de barrar os alemães na invasão do país, fizeram com que a França entrasse em colapso. O Porto de Dunquerque era a solução: a marinha Real montou uma grande operação no canal para evacuar as tropas. Mas o que salvou as tropas aliadas do massacre não foi a Marinha Real, mas sim a ordem de Hitler à Güderian de parar os tanques por quatro dias, permitindo assim que 338 mil soldados pudessem escapar para Inglaterra.
Em terra, enquanto os franceses ainda pensavam em guerra linear e no tanque somente como apoio à infantaria, os alemães contavam com generais que empreendiam a guerra móvel, e também com o sincronismo na ação de forças terrestres e aéreas.
No dia 14 de junho de 1940, Tito olha pela janela da pousada no qual está hospedado e sente um calafrio lhe movimentando o corpo freneticamente, e depois paralisando-o com um som amedrontador. Os alemães desfilam em uma parada Militar no Arco do Triunfo, em Paris. Tito que estava em constante fuga do governo alemão, agora estava na mira. Foi descoberto e levado de Paris.
O governo, tranferido para Bordeaux, ainda solicitou a ajuda por apoio aéreo na França, pedido negado por Churchill. O armistício foi assinado pela França à Alemanha dentro do mesmo vagão de trem em que a Alemanha assinara a rendição para a França em 1918. A Alsácia-Lorena voltou às mãos alemãs.

Entre Capítulo 5

Como ditador, a admiração de Vargas pela dupla Mussolini-Hitler era antiga. No ínicio da Segunda Guerra, Getúlio Vargas parecia pender para o Eixo (formado por Alemanha, Japão e Itália). No entanto, em 1941 quando os EUA entraram na guerra, após terem sido atacados em Pearl Harbor pelos japoneses, a pressão aos brasileiros aumentara: o presidente teria que decidir de que lado estava.
Até esse momento, Vargas praticara uma política externa pragmática, ou seja, pendular: ora pendia para o bloco nazi-facista, sendo chamado de “Führer Von Vargas”, ora para o bloco dos aliados, sendo chamado “Getúlio Delando Vargas” e assim explorava as rivalidades entre ambos. Até mesmo o Exército dividira-se. No entanto, o ataque dos submarinos alemães aos navios mercantes brasileiros – que matara mais de 1.500 pessoas – acarretara na revolta da população que exigira adesão do Brasil ao bloco dos aliados.

Em agosto de 1943, era criada a 1ª divisão de infantaria expedicionária. Chegara a hora de Paulo pagar o favor ao Capitão: deveria recrutar seu primo pra a guerra. Toninho fora do grupo dos primeiros convocados, que ficaram restritos, quase que em sua totalidade, a familiares dos militares. Os treinamentos eram intensivos e Paulo e Toninho estavam transformando-se em verdadeiros estrategistas de guerra. Enquanto os recrutados de classe média e baixa, eram obrigados e treinados rigorosamente, a “elite” do Brasil subornava para qe elementos dessa parcela da população não fossem chamados para o fronte. A FEB se preparava para entrar na Guerra. “Neste país, só rico tem possibilidade; pobre baixa cabeça e obedece”, pensara Toninho.
O Exército Brasileiro ainda não contava com boa tecnologia de armamentos, nem roupas adequadas ao frio europeu. Os comandantes dos grupamentos faziam discursos apaziguadores alertando as tropas de que seria mais fácil “fazer a cobra fumar” do que bater os soldados alemães, tamanho seu grau de instrução e treinamento. Não à toa, Toninho e os outros soldados estavam apreensivos com a Guerra. Mas agora era tarde para desistir.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, as tropas nazistas alemãs lutavam contra as tropas aliadas. O território norte da Itália estava devastado, cidades destruídas, milhares de vítimas, mas as tropas italianas permaneciam lutando para defender seu povo e território. Entre esses, um jovem Sgt de Cavalaria, Fracesco Tavano.Ele estava ali, mas seu pensamento e coração, guardavam a saudade da família deixada com receio no sul da Itália. Não fora à Guerra porque quisera, mas sim porque como no Brasil, aos pobres não cabiam muitas escolhas, apenas aceitações.
Como Hitler estava sustentando uma guerra sozinho contra todos os aliados – França, EUA, Inglaterra, Brasil – a derrota era, praticamente, certa. Os homens dos dois lados já não mais suportavam o frio, os maus tratos, as dores no corpo o cansaço mental adicionado do trauma e culpa por todas aquelas mortes. Foi nesse contexto que desembarcaram as tropas brasileiras na Europa.
Em julho de 1944, as tropas brasileiras, compostas por proximadamente 20 mil homens, comandadas pelo Gen. Mascarenhas de Moraes, desembarcaram na Itália onde ficariam por 9 meses, combatendo os nazistas. Durante esses 9 meses, ocorreram sangrentas batalhas, das quais as tropas brasileiras sairam vitoriosas. Numa dessas batalhas, travada em Monte Castelo e que durou três meses, Toninho conheceu Tavano. Os dois juntos, mais o Tem. Paulo, derrubaram mais 2 mil combatentes durante a guerra. Durante as noites, antes de durmir, Tavano e Toninho costumavam ficar conversando, lembrando de suas famílias e de suas vidas antes de irem para a guerra, e acabaram tornando-se amigos. Eles se ajudaram e conversaram durante todo esse período da guerra. Quando a notícia de que o governo alemão declarou bandeira branca, houve grande festa por parte das tropas aliadas localizadas na Itália, entre as quais estavam nossos combatentes. Agoram eles já podiam ir para casa.
Ao fim da guerra, Tavano voltou para a Itália, e resolveu permanecer no exército. Ele havia ganhado um promoção (tenente) e um soldo pela participação na guerra. Já o Toninho, ao voltar para o Brasil, encontrara um país totalmente modificado. A guerra enfraquecera o governo de Getúlio que, mais cedo ou mais tarde, seria obrigado a largar o poder. Ele também ganhou o soldo e uma meldalha de honra ao mérito, e voltou a trabalhar no jornal. Por sinal, as passeatas incessantes nas ruas e lhe rendiam excelentes manchetes. Além disso, Toninho escreveu um livro sobre a guerra que se tornou um sucesso, o que deu a nosso herói um bom lucro. A vida de Toninho mudou depois da guerra, principalmente sua situação econômica.

Capítulo 6 – Holocausto – campos de extermínio : Os guetos eram apenas uma amostra do que estava por vir.

Construídos para “indesejados” os campos de concentração foram espalhados por toda a Europa. Pela estratégia do regime nazista, essas prisões que funcionavam como base de genocídios, foram instaladas próximas de centros onde era grande a concentração do que se chamava de densa população “indesejada” de toda a Europa. A maior parte ficava na chamada área de Governo Geral. Unidades também foram construídas na própria Alemanha, só que com alguma peculiaridade: apesar de não terem sido desenhadas para o extermínio sistemático- os campos de extermínio situavam-se todos no Leste Europeu, a maioria na Polônia – muitos prisioneiros morreram por causa das más condições ou por execuções sumárias. Alguns campos, tais como o de Auschwitz-Birkenau, combinavam trabalho escravo com o extermínio sistemático. À chegada a estes campos, os prisioneiros eram divididos em dois grupos: aqueles que eram demasiado fracos para trabalhar eram assassinados nas câmaras de gás, enquanto que os outros eram primeiro usados como escravos em fábricas e empresas industriais. Cinco campos foram usados exclusivamente para o extermínio: Belzec, Chelmno, Maly Trostenets, Sobibor e Treblinka II. Para entender como todo esse processo insano e assassino começou, é preciso saber que o anti-semitismo não foi um fenômeno desenvolvido exclusivamente na década de vinte, e sim durante séculos. A loucura ou o fanatismo de Hitler, provocou, no entato, o movimento de segregação, aprisionamento e morte em massa. A Postura de Adolf Hitler ficou bastante clara no seu livro publicado em 1925 “Mein Kampf” (em português, Minha Luta). No dia 1° de abril de 1933, os nazistas recém-eleitos, organizaram, sob a direção de Julius Streicher, um dia de boicote a todas as lojas e negócios judeus na Alemanha. Medidas assim, tornaram-se cada vez mais freqüentes e criaram o ambiente perfeito para a difusão do fanatismo. Os guetos organizados eram apenas uma amostra do que estava por vir. Os campos de concentração foram o terror, que logo passaram a não ser apenas local para onde iam os prisioneiros, mas fonte de cobaias humanas para experimentos científicos. Os judeus não foram os únicos a caírem na mira dos nazistas. A campanha de genocídio de Hitler se estendeu contra os povos ciganos da Europa. Antropólogos alemães foram forçados a enfrentar o fato de os ciganos serem descendentes dos invasores arianos. Também homossexuais e testemunhas de Jeová foram enviados para os campos de extermínio por razões políticas e ideológicas. Por causa da migração em massa, somada às grandes distancias que separavam os campos de concentração das indústrias bélicas alemãs, para identificação dos prisioneiros fora dos campos, os prisioneiros foram obrigados a usar triângulos coloridos nas suas vestes, cujas cores respondiam por seus endereços em campos. Amarelo era a cor dos judeus (a figura era formada por dois triângulos sobrepostos, como a Estela de Davi, com a palavra “Jude” inscrita). O vermelho era para os dissidentes políticos, o verde para criminosos comuns. A cor púrpura para Testemunhas de Jeová e o azul para imigrantes. O tom castanho para os ciganos, o negro para lésbicas e anti-sociais e o rosa para homossexuais do sexo masculino.


Endlösung der Judenfrage – Solução Final da Questão Judaica

Região sul da Polônia, final de 1942.

“Arbeit macht frei”. É o que Lisa Kowalick leu ao chegar ao seu mais novo “emprego”, gentilmente oferecido pelos alemães no Gueto de Varsóvia: o trabalho liberta. A viagem em um vagão de gado havia sido repugnante. Lisa recebeu um uniforme sujo e fétido ao chegar, ouviu palavras naquela língua conhecida apenas por ser o alemão. Recebeu um tapa nas costas que a ativou a andar novamente atrás das mulheres descabeladas e suadas à sua frente: quando recebeu a roupa que deveria usar, ficou perplexa e parou por alguns instantes.Auschwitz, o inferno na Terra, ela apenas não sabia disso ainda. O campo de prisi
oneiros de Auschwitz fora fundado em 1940 e em Junho do mesmo ano recebia os primeiros prisioneiros políticos, um grupo de 728 poloneses. Em 1942, chegou a atingir a marca de 20 mil. Lisa era mais uma. Descobriu logo no segundo dia de “trabalho” qual seria a sua triste sina por ter nascido judia e permanecido na sua cultura fiel. Oficiais alemãs revistaram-nas. Mulheres todas nuas sendo humilhadas por sua condição sócio-cultural. Quando chegou não pôde entender porque separavam as crianças e velhos das mulheres e homens plenamente saudáveis, mas ouviu boatos de que eram mortos em câmaras de gás. Começou a compreender a real situação quando era obrigada a enterrar os seus, quando percebeu os mortos por inanição, os mortos na metralhadora, os mortos de cansaço. Tudo isso transformou a mente de Lisa em um lugar vazio de esperança. Ela entrou em profunda depressão, mas nem a isso tinha direito. A vida não podia ser tratada de forma tão banal...
Novos vagões de trens trazem mais prisioneiros para Auschwitz. O que restara da família Friedmann fora trazido nesses vagões do inferno. Sarah, Gina, Margot e Joseph desembarcaram. As mulheres só mantinham-se tranqüilas pela presença de Joseph. Logo na triagem, Gina foi separada da mãe. Eles não sabiam o que estava para acontecer, no entanto, Frau Margot segurou a mão da menina que chorava em silêncio, olhou bem nos seus olhinhos azuis que não veria nunca mais. “Ich liebe...” Não pôde terminar de declarar seu infinito amor materno. Um oficial alemão se encarregou de separar Gina da sua família e interromper o ciclo natural da vida, interromper os sonhos da menininha bonita. Uma câmara de gás. Um adeus. Margot e Sarah foram também separadas do jovem Joseph, e perderam aí, nesse momento uma das únicas possibilidades que tinham de ter uma relativa paz interior mesmo estando em Auschwitz. As duas logo conheceram Lisa, durante o trabalho pesado que exerciam diariamente. Inicialmente tiveram alguma dificuldade de comunicação, mas depois esse aspecto foi superado pelo fato de estarem na guerra, de estarem sofrendo, de sentirem as mesmas angústias. Margot acabou falando que estava apreensiva pelo fato de que fora separada da sua menina logo que chegaram. Lisa, sabendo a desgraça que havia acontecido, preferiu não contá-la para não fazer sofrer mais ainda aquela mãe ferida. Foram meses de trabalho árduo, de visões horrendas, ouvindo disparos que matam de um lado, e risadas que ironizam a situação de outro. Passaram tempos enterrando gente da sua raça e vendo as doenças corroerem aos poucos suas companheiras de prisão. Daqueles que tentavam fugir, mais da metade não conseguia, e por isso mesmo, essa idéia foi sumindo dos seus pensamentos aos poucos.

Fins de 1944

Lisa Kowalick estava muito doente, anorética, febril. Uma oficial alemã passa para verificar os alojamentos, e descobre a morta- viva escondida aos cuidados de Margot. Imediatamente, exige que seja retirada do local e jogada na vala comum recém aberta. Não se sabia se viva ou se morta, mas de qualquer forma foi vítima da ambição de alguns que a colocaram na armadilha da guerra, como a tantos outros. Agora, ela estava morta. Margot e Sarah choraram discretamente a perda da grande amiga que encontraram em meio ao terror.
Ao término de mais um dia exaustivo de trabalho pesado, Margot volta junto de Sarah para o alojamento. Às vezes pensava na sua casa simples, mas tão linda e enfeitada em Berlim, lembrava de tantos momentos felizes com Otto e seus três filhos. Então, ouviu alguém chamar por um homem que atendeu . Tito Janiack. Ela conhecia esse nome...claro! O antigo amor de Lisa! Imediatamente foi falar com Tito, e informou-o da terrível morte de Lisa. Tito Janiack chorou pela menina que conhecera, pela beleza que perdera, pela inocência que se fora. Margot disse que tinha algo a entrega-lo. Levou-o até o alojamento. Atrás de um beliche de madeira tinha uma caixinha de papelão decorada. Entregou-a a Tito e lhe deu adeus. Ele abriu a caixinha e dentro dela? As cartas, a saudade de um tempo de paz...


A destruição de uma história – O Pesadelo “Little Boy” e “ Fat Man”


Ao som da última nota musical daquele velho relógio de parede, que batia às exatas 12:00 da noite, entrava o dia 6 de agosto daquele que havia sido um ano e uma época difícil para a população mundial, o ano de 1945.
O Sr. Nakamura estava sentado enfrente à lareira, fazia frio naquela época do ano em Hiroxima contrariando aos princípios do verão. Os jornais contavam os saldos que a Segunda Guerra já havia trazido. O Sr. Nakamura relembrava dos desgastantes tempos porque havia passado. Para ele era uma guerra fútil, sem necessidade. Os EUA eram a maior potência no mundo e não haviam dúvidas. Na sua memória as imagens quase frescas do ataque japonês à Pearl Harbor 4 anos atrás. Em Junho de 1941, o Japão, havia invadido a Indochina. O governo dos Estados Unidos da América, indignado, impôs sanções económicas ao Japão. Como represália, a 7 de dezembro de 1941, a aviação japonesa atacou Pearl Harbor, a maior base naval norte-americana do Pacífico. Em apenas duas horas, os pilotos japoneses conseguiram inutilizar todos os navios ancorados no porto, cinco navios de guerra e outros 15 foram afundados ou destruidos. Só que depois deste show japonês, os EUA declararam guerra ao Japão no dia seguinte, o que deu início à guerra do Pacífico. Os jornais também noticiavam que apenas duas horas após o ataque que deu início oficial à guerra do Pacífico, o ataque a Pearl Harbor, os japoneses iniciaram a invasão de vários territórios da Ásia e do Pacífico. Desde pequeno Nakamura sabia que as tropas japonesas eram altamente treinadas e isso levou ao sucesso dos japoneses, somado à utilização de um pequeno número de tropas, mas protegidas por uma força aérea. Todos os seus conflitos durante a Campanha do Sul foram combatidas por algumas divisões apenas, praticamente sem tanques ou armas sofisticadas.
A depois de tanto tempo de vida o experiente Sr. Nakamura já não aguentava mais ouvir sobre o assunto. Agora ele agradecia, por que agora tudo parecia estar resolvido, as diferenças de Hitler com os judeus, e os japoneses com os americanos. O ancião havia visto dentre muitas coisas um fato recente que foi ver o Império japonês, tomar grande parte do Sul da China Central, estabelecendo uma ligação terrestre com a Indochina. Neste ponto de suas lembranças o experiente homem recorre aos jornais mais atuais. Aí veio uma memória do próprio ano mesmo. Em fevereiro, as forças Aliadas do Pacífico haviam chegado perto do arquipélago nipónico e houve a captura das ilhas de Iwo Jima e Okinawa (foi capturada em Abril), pelos Aliados. Trouxeram o Japão para dentro do alcance de ataques aéreos e navais, começando assim os bombardeamentos a fábricas e instalações militares na ilha principal. O Sr. Nakamura havia conseguido escapar deste ataque. Esses bombardeamentos, executados por bombardeiros norte-americanos B-29 entre Março e Junho, acabaram por destruir 58 cidades japonesas, matando mais de 393 000 civis. Depois deste ataque, algumas horas antes da conferência dos aliadoso Japão apresentou uma rendição oficial. Por isso tudo parecia acabado para o povo japonês, até para o próprio ancião conhecedor de extrema sabedoria. Porem uma atmosfera diferente poderia ser sentida no ar da cidade. Nakamura vai para a pequena sacada do seu apartamento e passa a observar as estrelas no céu. Não estava com sono, queria que as horas passassem, que a guerra passasse, que todo aquele sofrimento acabasse e que um dia, talvez em breve, o Japão pudesse ter de novo sua honra e glória reconstituídas passadas através das antigas e milenares gerações.As horas passaram como nunca. Um sentimento diferente poderia ser sentido pelo Sr. Nakamura, de que era concreto, que a situação mudaria, que bastaria uma noite de sono. Naquele instante de reflexão, ao olhar para o horizonte só pode ser visto um clarão instantâneo, e uma última inalação de oxigênio. Mal saberia ele que isto seria o fato mais marcante da história mundial somado ao outro ataque à Nagasaki três dias depois. Este fato foi o lançamento de duas bombas nucleares pelos EUA. Uma em Hiroshima e outra em Nagasaki. Trezentos mil pessoas morreram instantaneamente e um número indeterminado de vítimas posteriormente, devido à contaminação pela radiação. Mas como já dito o Sr. Nakamura queria apenas dormir uma boa noite de sono. Um sono profundo e tranqüilo, para que pudesse acordar daquele pesadelo. Porem este sono duraria para toda a eternidade.



Janeiro de 1946, New York

Sir Houston telefona para Eduard Stevenson. “ Bom dia Sir Stevenson, é Houston”. “ Houston, que grande prazer em lhe falar...” Eduard mal pôde terminar de saudar longamente o grande empresário: “ Stevenson, boas notícias, a empresa está crescendo, os negócios evoluindo. O capital meu caro, o capital!!! É o que lhe digo!” Um sorriso sádico e egoísta enfeita a face de Stevenson.







Curiosidades:






  • Josef Mengele, que morreria no Brasil, realizava muitas experiêncais com cobaias humanas. Quando um prisioneiro não se recuperava rapidamente, geralmente era executado lhe aplicando uma injeção letal de fenol. Mentor e obreiro de monstruosos ensaios, ele passou para a história como o “Anjo da Morte".




  • Birkenau, ou Auschwitz II é o campo que a maioria das pessoas conhece como Auschwitz. Ali se encerraram centenas de milhares de judeus e ali também se executaram mais de um milhão de judeus e ciganos.



  • FILMES:






  1. Der Untergang (A Queda)



  2. A Vida é Bela



  3. O Pianista



  4. Schindler's List



  5. Casablanca



Bibliografia




II Guerra Mundial - Campos de Concentração, editora escala




A maior guerra da história, editora escala








História do mundo ocidental- Antônio Pedro, Lizânias de Souza Lima, Yone de Carvalho; editora FT







Sites:





http://www.vestigios.hpg.ig.com.br/2guerra.htm

pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Mundial

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

INTRODUÇÃO

Por Georgia Rohde
Em 1914, o mundo está mergulhado numa guerra sanguinária, e milhões de jovens encontram-se cercados pelo horror nas trincheiras européias. A Primeira Guerra Mundial teve como causa, antes de tudo, as tensões geradas com as disputas por áreas coloniais. A Alemanha, depois de unificada por Otto von Bismarck começou a contestar a hegemonia internacional da Inglaterra, entrou em grande desenvolvimento industrial e passou a disputar os mercados ingleses. A burguesia alemã lutava por uma nova divisão do mundo para consolidar o seu domínio. Soma-se às questões econômicas, algumas de caráter político. Em diversas regiões da Europa surgiram movimentos nacionalistas que objetivavam agrupar sob um mesmo Estado, povos considerados de mesmas raízes culturais.
O Pan-eslavismo pregava a união de todos os povos eslavos da Europa Oriental, principalmente aqueles que se encontravam dentro do Império Austro-Húngaro, notadamente na região dos Bálcãs, sob a liderança do Império Russo. Já o Revanchismo Francês surgiu com a derrota da França na guerra contra a Alemanha, em 1870, quando os franceses foram obrigados a ceder aos alemães os territórios da Alsácia e da Lorena, regiões ricas em minérios de ferro e em carvão. A partir dessa guerra, desenvolveu-se na França um movimento de cunho nacionalista-revanchista, que visava vingar a derrota sofrida contra a Alemanha e recuperar os territórios perdidos.
As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de conflito e agressividade. Sabia-se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento. No começo do século XX, os países capitalistas europeus estavam muito interessados em manter o equilíbrio internacional e a paz. No entanto, contraditoriamente, os governos estimulavam a indústria de armamentos e recrutavam civis para aumentar os contingentes militares. Fabulosas quantias de verbas públicas foram desviadas às forças armadas nacionais, originando poderosos exércitos e frotas. O militarismo cresceu e a possibilidade de acordo para manter o equilíbrio entre as nações imperialistas era cada vez mais difícil.
Desde 1886 a Alemanha liderava o bloco da Tríplice Aliança, composta pela Áustria e pela Itália. Mais tarde a França reagiu ao isolamento e revidou, formando com a Inglaterra a Entente cordiale, interessada em impedir a supremacia alemã. Em 1907, França e Inglaterra uniram-se à Rússia, formando a Tríplice Entente.
No continente europeu, outro dos principais focos de tensão entre as potências era a Península Balcânica, onde o enfraquecimento do Império Otomano cedeu lugar ao nacionalismo da Sérvia e ao expansionismo da Áustria-Hungria. Em 1908, a Áustria anexou a região da Bósnia-Herzegovina, não agradando à Sérvia, que aspirava a incorporar aquelas regiões habitadas por eslavos e criar a Grande Sérvia. Duas guerras na região em 1912 e 1913 acirraram mais ainda os ânimos naquela área. Os movimentos nacionalistas da Sérvia passaram a reagir violentamente contra a anexação austríaca da Bósnia-Herzegovina. O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, foi um incidente ligado ao movimento nacionalista sérvio que serviu de estopim para o inicio da guerra.
PRIMEIRA EDIÇÃO

A primeira edição da revista virtual Na Terra de Ninguém visa, principalmente, a apresentar questões não muito exploradas da história da Primeira Guerra Mundial. Nosso time de colunistas preparou estudos especiais sobre a medicina, os armamentos, a moda, a alimentação e curiosidades durante o período de guerra. Tudo pesquisado com o maior cuidado e dedicação para você, leitor.
O Editor

"A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos”.

Mahatma Gandhi

PAZ NA GUERRA, PAZ NA TERRA


Por Georgia Rohde


"Aquele foi um dia de paz na guerra; é uma pena que não tenha sido a paz definitiva”.
Um soldado alemão.

Chega o mês de dezembro de 1914 para os milhões de soldados de diversas nacionalidades nas trincheiras européias. A noite de Natal se aproxima trazendo nessa passagem natalina um sentimento cruel e irônico de tristeza e saudade. Longe das suas famílias e dos seus lares. Longe das pessoas amadas, dos filhos e das esposas. Aquele dia 24 do último mês do ano deveria ser de profunda consternação. O primeiro natal da Guerra será passado a frio e com as botas mergulhadas na humidade das trincheiras.
As tropas inglesas, nas suas trincheiras entre a cidade francesa de Ypres e o canal de La Basseel, ouvem, do outro lado da Terra de Ninguém, que separava as trincheiras inimigas, cânticos de Natal. Em particular ouvem Still Nacht. A melodia é a mesma que Silet Night mas cantada em alemão ( em português é noite de paz). Os ingleses começam a cantar a versão em inglês e pôde-se ouvir o canto natalino germano-britânico.
As tropas aliadas, com medo, espreitam por cima dos sacos de areia, para além da Terra de Ninguém. Quão grande foi a surpresa do que avistaram: do outro lado havia pinheiros adornados com velas. Os alemães as tinham enfeitado. O costume de adornar as árvores de Natal com luzes, em particular os pinheiros, comuns na América do Norte, é de origem alemã, as chamadas Tannenbaum (plural: Tannenbäume). Foi o Príncipe Alberto (1819-1861), primo e marido da Rainha Vitória, que levou o costume para a Inglaterra.
Maior foi a perplexidade quando avistaram soldados alemães, desarmados, saírem de suas trincheiras com as Tannenbäume nas mãos e dirigirem-se, desarmados, para as trincheiras inglesas. O espírito de natal disseminou-se rapidamente e os ingleses saem das suas trincheiras para acolherem os alemães, mesmo com o olhar desconfiado de muitos dos oficiais. Presentes são trocados, histórias e anedotas são contadas, fotografias de parentes mostradas. Em conjunto dirigem-se à Terra de Ninguém e ambos os exércitos escavam covas para enterrarem os corpos que ali jaziam: ingleses ajudando alemães e alemães ajudando ingleses.
Os dois lados apercebem-se que o seu inimigo está tão miserável como eles próprios, ambos sofrendo com o frio, com a saudade de casa. O inimigo já não é tão inimigo, são todos apenas jovens, combatendo por ordem de generais a quilômetros de distância. As tréguas e a confraternização duraram dias. Um jogo de futebol foi organizado a primeiro de janeiro. Uma bola de futebol foi trazida das trincheiras inglesas e esses jogaram com os alemães.
Entretanto, os oficiais de ambos os lados tiveram conhecimento destas tréguas espontâneas e imediatamente ordenaram que terminassem. Inevitavelmente, houve muitos pedidos de cessar-fogo por parte dos soldados envolvidos na Trégua de 1914. Franceses e Belgas também participaram desse armistício temporário noutros pontos da frente, mas limitadamente. Afinal ambos os países – parte da França e a totalidade da Bélgica – estavam sobre ocupação alemã.
Um oficial inglês, mais preocupado com seu papel militar, disparou sobre um soldado alemão. As tréguas terminaram. Noutros pontos da frente há registros de trocas amistosas de cumprimentos, tiros disparados para o ar e recomeço dos combates.
A reação foi tamanha que precauções especiais foram tomadas durante os Natais de 1915, 1916 e 1917. Os eventos do final de Dezembro de 1914 nunca mais foram repetidos.
A 22 de novembro de 2005, morreu, com 109 anos, o último soldado sobrevivente que participou na Trégua de Natal de 1914. Alfred Anderson tinha dezoito anos quando estava nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial e participou nas trocas de presentes entre ingleses e alemães.
O Cabo John Ferguson contou como a trégua foi conduzida no seu setor: "Nós apertamos as mãos, desejando Feliz Natal e logo estávamos conversando como se nos conhecêssemos há vários anos. Nós estávamos em frente às suas cercas de arame e rodeados de alemães – Fritz e eu no centro, conversando e ele, ocasionalmente traduzindo para seus amigos o que eu estava dizendo. Nós permanecemos dentro do círculo como oradores de rua. Logo, a maioria da nossa companhia (Companhia ‘A’), ouvindo que eu e alguns outros havíamos ido, nos seguiu. Que visão – pequenos grupos de alemães e ingleses juntos na nossa frente! Quando eles não podiam falar a língua, eles tentavam se fazer entender através de gestos e todos pareciam se entender muito bem. Nós estávamos rindo e conversando com homens que só umas poucas horas antes estávamos tentando matar!"

LILI MARLEEN – DA PRIMEIRA À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Por Georgia Rohde


A música Lili Marleen é muito mais que uma canção dos soldados alemães sobre separação, despedida e a incerteza de um dia retornar. Ela tornou-se história da cultura alemã.
A letra, de Hans Leip, data de 1915. Em plena Primeira Guerra Mundial, o soldado de 21 anos rascunhou os versos num pedaço de papel, pouco antes de deixar sua caserna, em Berlim, para o front. O que o inspirou foi a despedida de um jovem soldado da namorada e de uma amiga, sob a luminária pública (Laterne). As garotas chamavam-se Betty, de apelido Lili, e Marleen.
A canção Lili Marleen foi popularizada pela diva Marlene Dietrich entre os soldados aliados durante a Segunda Guerra Mundial e foi interpretada, também, por Lale Andersen, que popularizou Lili Marleen a partir de 1939.

O poema escrito na Primeira Guerra


"Vor der Kaserne vor dem großen Torstand eine Laterneund steht sie noch davorso woll'n wir uns da wiedersehnbei der Laterne woll'n wir stehnwie einstLili Marleenwie einstLili Marleen. Uns're beiden Schatten sah'n wie einer aus;daß wir so lieb uns hattendas sah man gleich daraus.Und alle Leute soll'n es sehnwenn wir bei der Laterne steh'nwie einstLili Marleenwie einstLili Marleen.Schon rief der Posten: Sie blasen Zapfenstreich;es kann drei Tage kosten! - Kam'radich komm ja gleich.Da sagten wir auf Wiedersehn.Wie gerne wollt' ich mit dir gehnmit dirLili Marleenmit dirLili Marleen.Deine Schritte kennt siedeinen zieren Gangalle Abend brennt siemich vergaß sie lang.Und sollte mir eine Leids geschehnwer wird bei der Laterne stehnmit dirLili Marleen?mit dirLili Marleen?Aus dem stillen Raumeaus der Erde Grundhebt mich wie im Traume dein verliebter Mund.Wenn sich die späten Nebel drehnwerd' ich bei der Laterne stehnwie einstLili Marleenwie einst Lili Marleen".

TRADUÇÃO

Em frente ao quartel

Diante do portão

Havia um poste com um lampião

E se ele ainda estiver lá

Lá desejamos nos reencontrar

Queremos junto ao lampião ficar

Como outrora,Lili Marlene. (2x)
Nossas duas sombras

Pareciam uma só

Tinhamos tanto amor

Que todos logo percebiam

E toda a gente ficava a contemplar

Quando estávamos junto ao lampião

Como outrora, Lili Marlene. (2x)
Gritou o sentinela

Que soaram o toque de recolher

(Um atraso) pode te custar três dias

Companheiro, já estou indo

E então dissemos adeus

Como gostaria de ir contigo

Contigo, Lili Marlene (2x)
O lampião conhece teus passos

Teu lindo caminhar

Todas as noites ele queima

Mas há tempos se esqueceu de mim

E, caso algo ruim me aconteça

Quem vai estar junto ao lampião

Contigo, Lili Marlene ? (2x)
Do tranquilo céu,

Das profundezas da terra

Me surge como em sonho

Teu rosto amado

Envolto na névoa da noite

Será que voltarei para nosso lampião

Como outrora, Lili Marlene. (2x)

A Moda Durante a Primeira Guerra

Por Gabrielle Lippert

O período que vai do início do século ao princípio da Primeira Guerra Mundial é geralmente chamado, na Inglaterra, de era eduardiana, apesar do rei ter morrido em 1910. Na França, com uma pequena extensão reatroativa à década de 1890, chamou-se la belle époque. Nos dois países a atmosfera era muito semelhante. Foi uma época de grandes ostentações e extravagância. Na Inglaterra, a sociedade e a corte, que, é claro, sempre se contrapuseram, agora começavam a se coincidir, e o próprio rei estabelecia o exemplo.
A moda, como sempre, era um reflexo da época. Preferia-se a mulher madura, fria e dominadora, com o busto pesado, cujo efeito era mais enfatizado pelos chamados espartilhos “saudáveis”, que tornava o corpo rigidamente ereto para frente, levantando o busto e jogando os quadris para traz. A cintura nunca tinha sido tão afunilada. O ideal de beleza da mulher era o de ter aproximadamente 40 centímetros de circunferência na cintura. Para atingir estas proporções, algumas delas se submetiam às cirurgias para serrarem suas costelas e poderem se apertar demasiadamente em seus espartilhos.
Isso produzia uma postura peculiar em forma de S tão característica da época. A saia, lisa e sobre os quadris, se abria em direção ao chão em forma de sino. Cascatas de renda desciam do decote; de fato havia uma paixão por renda em todas as partes do vestido. Quem não podia comprar renda verdadeira, ocorria ao crochê irlandês. Os cabelos eram presos no alto da cabeça, e o chapéu panqueca se projetava para frente como que para equilibrar a cauda. À noite, os vestidos tinham decotes extravagantes, mas durante o dia o corpo ficava escondido das orelhas aos pés. A pequena gola de renda era armada com barbatanas, e os braços sempre permaneciam completamente cobertos por luvas compridas. Havia uma loucura por plumas, e nos chapéus eram sempre retomadas sozinhas ou aos pares.
Para os homens, o traje aceito para todas as ocasiões formais ainda era a sobrecasaca e a cartola, mas o terno usado com um chapéu homburg era cada vez mais visto. As calças tendiam a ser bastante estreitas e curtas, e os jovens estavam começando a usá-las com as bainhas permanentemente viradas e com um vinco na frente, o que só foi possível a partir de meados da década de 1890 com a invenção da prensa para calças. Os colarinhos engomados de linho branco eram muito altos e às vezes retos em torno do pescoço.
O estilista francês Paul Poiret (1879-1944), um grande nome da moda com idéias muito inovadoras, já havia tido a idéia de tirar do corpo feminino o espartilho, liberando-o dos acentuados apertos de cintura. Porém esse hábito, ou melhor, essa moda só tornou-se de fato assimilada durante a Primeira Guerra Mundial.
Já partir de 1910, surgiram mudanças drásticas na indumentária feminina; as saias na altura das canelas, o decote “V”, – tudo isso em cores fortes – e o aparecimento da calça-saia (para andar de bicicleta) faziam agora parte dos armários. Os adornos preferidos agora não eram mais as rendas, e sim os botões, que eram pregados por toda a roupa, até nos lugares menos esperados. Os chapéus também já não eram excessivamente amplos, e sim pequenos e bem ajustados à cabeça, com as plumas eretas.
Estes chapéus continuaram sendo usados durante a guerra, mas as sais estreitas – que teriam tomado o lugar das com forma de sino – se tornaram um estorvo. A ausência da figura masculina no campo de trabalho, uma vez estando no campo de batalha, fez com que as mulheres tomassem conta do mercado, atuando em diversos setores, fossem de quaisquer classes sociais. Elas ocuparam espaços masculinos da área de saúde aos transportes e da agricultura à indústria, inclusive bélica. Foi o primeiro passo da emancipação feminina, uma necessidade durante a guerra e, depois dela, um hábito.
Com a necessidade de trabalhar, as mulheres tiveram de se libertar dos vestidos compridos e dos chapéus adornados, sendo obrigadas então, a utilizar coisas práticas e que permitissem maior liberdade de movimento. A ostentação, o luxo e a extravagância foram abandonados não só por questões econômicas, como também morais, uma vez que as mulheres não se sentiam bem em usar roupas elaboradas num momento de contenção.
A Primeira Guerra Mundial, de fato, teve o efeito de abafar a moda, e há poucas coisas de interesse para se registrar até o final do conflito. Nesse período surge um nome da moda, que inicialmente trabalhava com chapéus, mas que começou cada vez mais a sobressair-se no campo do vestuário. Foi Gabrielle Coco Chanel que, em 1916, inovou consideravelmente ao fazer tailleurs de jérsei, isto é, de malha e com aspecto sedoso, toque macio e estrutura elástica. Com o passar das décadas, Chanel consolidou-se no setor e tornou-se o nome mais importante de toda a moda do século XX.
Com o término da guerra, a mulher não abandonou o trabalho, e de fato, conseguiu sua emancipação com a independência financeira. As roupas foram se adaptando aos novos padrões, fossem eles para o trabalho, esporte e, principalmente, divertimento. As saias continuaram a se encurtar e o estilo andrógino começou a se fazer presente. As mulheres buscavam semelhanças com a aparência masculina, com cortes bem curtos, vestidos de cintura mais baixa, deslocada visando disfarçar os quadris, comprimentos à altura dos joelhos, revelando, pela primeira vez na história ocidental, as pernas femininas em público.
Conforme a década ia passando, a maquiagem foi ficando cada vez mais acentuada. Fazia parte da performance fashion se maquiar em público. Nada de se esconder nos banheiros para passar batom ou pó. Batom na cor vermelho sangue e pó compacto eram usados generosamente, já o blush dava apenas um toque leve nas faces e não era parte do arsenal básico de beleza. Os porta-batons e porta-pós eram trabalhados e bastante sofisticados, assim como as cigarreiras, umas verdadeiras obras de arte.
A moda masculina permaneceu praticamente a mesma nesse momento, tornando-se cada vez mais simples e prática, tendo até mesmo o aspecto de uniformização, uma vez que todos se vestiam com a mesma característica: calça comprida, paletó, colete e gravata.
No vestuário feminino, todas as curvas foram completamente abandonadas, o que acentuava a busca pela aparência de rapazes, ainda deixando os cabelos num corte curto e liso, que evidenciava as linhas da cabeça.
Como pode-se notar, a Primeira Guerra Mundial foi um dos marcos para a moda ocidental, uma vez que ela parou totalmente este ciclo, que viria a ser retomado depois do conflito totalmente diferente de como fora interrompido. Devido a questões lógicas, as roupas sofreram uma mudança radical ao passar por este período, se adaptando, como sempre, às tendências do desenvolvimento mundial. Foi também um fator decisivo para a emancipação feminina, fato que influenciou as vestimentas da época.