sexta-feira, 7 de setembro de 2007

INTRODUÇÃO

Por Georgia Rohde
Em 1914, o mundo está mergulhado numa guerra sanguinária, e milhões de jovens encontram-se cercados pelo horror nas trincheiras européias. A Primeira Guerra Mundial teve como causa, antes de tudo, as tensões geradas com as disputas por áreas coloniais. A Alemanha, depois de unificada por Otto von Bismarck começou a contestar a hegemonia internacional da Inglaterra, entrou em grande desenvolvimento industrial e passou a disputar os mercados ingleses. A burguesia alemã lutava por uma nova divisão do mundo para consolidar o seu domínio. Soma-se às questões econômicas, algumas de caráter político. Em diversas regiões da Europa surgiram movimentos nacionalistas que objetivavam agrupar sob um mesmo Estado, povos considerados de mesmas raízes culturais.
O Pan-eslavismo pregava a união de todos os povos eslavos da Europa Oriental, principalmente aqueles que se encontravam dentro do Império Austro-Húngaro, notadamente na região dos Bálcãs, sob a liderança do Império Russo. Já o Revanchismo Francês surgiu com a derrota da França na guerra contra a Alemanha, em 1870, quando os franceses foram obrigados a ceder aos alemães os territórios da Alsácia e da Lorena, regiões ricas em minérios de ferro e em carvão. A partir dessa guerra, desenvolveu-se na França um movimento de cunho nacionalista-revanchista, que visava vingar a derrota sofrida contra a Alemanha e recuperar os territórios perdidos.
As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de conflito e agressividade. Sabia-se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento. No começo do século XX, os países capitalistas europeus estavam muito interessados em manter o equilíbrio internacional e a paz. No entanto, contraditoriamente, os governos estimulavam a indústria de armamentos e recrutavam civis para aumentar os contingentes militares. Fabulosas quantias de verbas públicas foram desviadas às forças armadas nacionais, originando poderosos exércitos e frotas. O militarismo cresceu e a possibilidade de acordo para manter o equilíbrio entre as nações imperialistas era cada vez mais difícil.
Desde 1886 a Alemanha liderava o bloco da Tríplice Aliança, composta pela Áustria e pela Itália. Mais tarde a França reagiu ao isolamento e revidou, formando com a Inglaterra a Entente cordiale, interessada em impedir a supremacia alemã. Em 1907, França e Inglaterra uniram-se à Rússia, formando a Tríplice Entente.
No continente europeu, outro dos principais focos de tensão entre as potências era a Península Balcânica, onde o enfraquecimento do Império Otomano cedeu lugar ao nacionalismo da Sérvia e ao expansionismo da Áustria-Hungria. Em 1908, a Áustria anexou a região da Bósnia-Herzegovina, não agradando à Sérvia, que aspirava a incorporar aquelas regiões habitadas por eslavos e criar a Grande Sérvia. Duas guerras na região em 1912 e 1913 acirraram mais ainda os ânimos naquela área. Os movimentos nacionalistas da Sérvia passaram a reagir violentamente contra a anexação austríaca da Bósnia-Herzegovina. O assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, foi um incidente ligado ao movimento nacionalista sérvio que serviu de estopim para o inicio da guerra.
PRIMEIRA EDIÇÃO

A primeira edição da revista virtual Na Terra de Ninguém visa, principalmente, a apresentar questões não muito exploradas da história da Primeira Guerra Mundial. Nosso time de colunistas preparou estudos especiais sobre a medicina, os armamentos, a moda, a alimentação e curiosidades durante o período de guerra. Tudo pesquisado com o maior cuidado e dedicação para você, leitor.
O Editor

"A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei como é difícil assumir essa grande lei do amor. Mas todas as coisas grandes e boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de tudo. Mas, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se torna fácil de realizar, se assim queremos”.

Mahatma Gandhi

PAZ NA GUERRA, PAZ NA TERRA


Por Georgia Rohde


"Aquele foi um dia de paz na guerra; é uma pena que não tenha sido a paz definitiva”.
Um soldado alemão.

Chega o mês de dezembro de 1914 para os milhões de soldados de diversas nacionalidades nas trincheiras européias. A noite de Natal se aproxima trazendo nessa passagem natalina um sentimento cruel e irônico de tristeza e saudade. Longe das suas famílias e dos seus lares. Longe das pessoas amadas, dos filhos e das esposas. Aquele dia 24 do último mês do ano deveria ser de profunda consternação. O primeiro natal da Guerra será passado a frio e com as botas mergulhadas na humidade das trincheiras.
As tropas inglesas, nas suas trincheiras entre a cidade francesa de Ypres e o canal de La Basseel, ouvem, do outro lado da Terra de Ninguém, que separava as trincheiras inimigas, cânticos de Natal. Em particular ouvem Still Nacht. A melodia é a mesma que Silet Night mas cantada em alemão ( em português é noite de paz). Os ingleses começam a cantar a versão em inglês e pôde-se ouvir o canto natalino germano-britânico.
As tropas aliadas, com medo, espreitam por cima dos sacos de areia, para além da Terra de Ninguém. Quão grande foi a surpresa do que avistaram: do outro lado havia pinheiros adornados com velas. Os alemães as tinham enfeitado. O costume de adornar as árvores de Natal com luzes, em particular os pinheiros, comuns na América do Norte, é de origem alemã, as chamadas Tannenbaum (plural: Tannenbäume). Foi o Príncipe Alberto (1819-1861), primo e marido da Rainha Vitória, que levou o costume para a Inglaterra.
Maior foi a perplexidade quando avistaram soldados alemães, desarmados, saírem de suas trincheiras com as Tannenbäume nas mãos e dirigirem-se, desarmados, para as trincheiras inglesas. O espírito de natal disseminou-se rapidamente e os ingleses saem das suas trincheiras para acolherem os alemães, mesmo com o olhar desconfiado de muitos dos oficiais. Presentes são trocados, histórias e anedotas são contadas, fotografias de parentes mostradas. Em conjunto dirigem-se à Terra de Ninguém e ambos os exércitos escavam covas para enterrarem os corpos que ali jaziam: ingleses ajudando alemães e alemães ajudando ingleses.
Os dois lados apercebem-se que o seu inimigo está tão miserável como eles próprios, ambos sofrendo com o frio, com a saudade de casa. O inimigo já não é tão inimigo, são todos apenas jovens, combatendo por ordem de generais a quilômetros de distância. As tréguas e a confraternização duraram dias. Um jogo de futebol foi organizado a primeiro de janeiro. Uma bola de futebol foi trazida das trincheiras inglesas e esses jogaram com os alemães.
Entretanto, os oficiais de ambos os lados tiveram conhecimento destas tréguas espontâneas e imediatamente ordenaram que terminassem. Inevitavelmente, houve muitos pedidos de cessar-fogo por parte dos soldados envolvidos na Trégua de 1914. Franceses e Belgas também participaram desse armistício temporário noutros pontos da frente, mas limitadamente. Afinal ambos os países – parte da França e a totalidade da Bélgica – estavam sobre ocupação alemã.
Um oficial inglês, mais preocupado com seu papel militar, disparou sobre um soldado alemão. As tréguas terminaram. Noutros pontos da frente há registros de trocas amistosas de cumprimentos, tiros disparados para o ar e recomeço dos combates.
A reação foi tamanha que precauções especiais foram tomadas durante os Natais de 1915, 1916 e 1917. Os eventos do final de Dezembro de 1914 nunca mais foram repetidos.
A 22 de novembro de 2005, morreu, com 109 anos, o último soldado sobrevivente que participou na Trégua de Natal de 1914. Alfred Anderson tinha dezoito anos quando estava nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial e participou nas trocas de presentes entre ingleses e alemães.
O Cabo John Ferguson contou como a trégua foi conduzida no seu setor: "Nós apertamos as mãos, desejando Feliz Natal e logo estávamos conversando como se nos conhecêssemos há vários anos. Nós estávamos em frente às suas cercas de arame e rodeados de alemães – Fritz e eu no centro, conversando e ele, ocasionalmente traduzindo para seus amigos o que eu estava dizendo. Nós permanecemos dentro do círculo como oradores de rua. Logo, a maioria da nossa companhia (Companhia ‘A’), ouvindo que eu e alguns outros havíamos ido, nos seguiu. Que visão – pequenos grupos de alemães e ingleses juntos na nossa frente! Quando eles não podiam falar a língua, eles tentavam se fazer entender através de gestos e todos pareciam se entender muito bem. Nós estávamos rindo e conversando com homens que só umas poucas horas antes estávamos tentando matar!"

LILI MARLEEN – DA PRIMEIRA À SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Por Georgia Rohde


A música Lili Marleen é muito mais que uma canção dos soldados alemães sobre separação, despedida e a incerteza de um dia retornar. Ela tornou-se história da cultura alemã.
A letra, de Hans Leip, data de 1915. Em plena Primeira Guerra Mundial, o soldado de 21 anos rascunhou os versos num pedaço de papel, pouco antes de deixar sua caserna, em Berlim, para o front. O que o inspirou foi a despedida de um jovem soldado da namorada e de uma amiga, sob a luminária pública (Laterne). As garotas chamavam-se Betty, de apelido Lili, e Marleen.
A canção Lili Marleen foi popularizada pela diva Marlene Dietrich entre os soldados aliados durante a Segunda Guerra Mundial e foi interpretada, também, por Lale Andersen, que popularizou Lili Marleen a partir de 1939.

O poema escrito na Primeira Guerra


"Vor der Kaserne vor dem großen Torstand eine Laterneund steht sie noch davorso woll'n wir uns da wiedersehnbei der Laterne woll'n wir stehnwie einstLili Marleenwie einstLili Marleen. Uns're beiden Schatten sah'n wie einer aus;daß wir so lieb uns hattendas sah man gleich daraus.Und alle Leute soll'n es sehnwenn wir bei der Laterne steh'nwie einstLili Marleenwie einstLili Marleen.Schon rief der Posten: Sie blasen Zapfenstreich;es kann drei Tage kosten! - Kam'radich komm ja gleich.Da sagten wir auf Wiedersehn.Wie gerne wollt' ich mit dir gehnmit dirLili Marleenmit dirLili Marleen.Deine Schritte kennt siedeinen zieren Gangalle Abend brennt siemich vergaß sie lang.Und sollte mir eine Leids geschehnwer wird bei der Laterne stehnmit dirLili Marleen?mit dirLili Marleen?Aus dem stillen Raumeaus der Erde Grundhebt mich wie im Traume dein verliebter Mund.Wenn sich die späten Nebel drehnwerd' ich bei der Laterne stehnwie einstLili Marleenwie einst Lili Marleen".

TRADUÇÃO

Em frente ao quartel

Diante do portão

Havia um poste com um lampião

E se ele ainda estiver lá

Lá desejamos nos reencontrar

Queremos junto ao lampião ficar

Como outrora,Lili Marlene. (2x)
Nossas duas sombras

Pareciam uma só

Tinhamos tanto amor

Que todos logo percebiam

E toda a gente ficava a contemplar

Quando estávamos junto ao lampião

Como outrora, Lili Marlene. (2x)
Gritou o sentinela

Que soaram o toque de recolher

(Um atraso) pode te custar três dias

Companheiro, já estou indo

E então dissemos adeus

Como gostaria de ir contigo

Contigo, Lili Marlene (2x)
O lampião conhece teus passos

Teu lindo caminhar

Todas as noites ele queima

Mas há tempos se esqueceu de mim

E, caso algo ruim me aconteça

Quem vai estar junto ao lampião

Contigo, Lili Marlene ? (2x)
Do tranquilo céu,

Das profundezas da terra

Me surge como em sonho

Teu rosto amado

Envolto na névoa da noite

Será que voltarei para nosso lampião

Como outrora, Lili Marlene. (2x)

A Moda Durante a Primeira Guerra

Por Gabrielle Lippert

O período que vai do início do século ao princípio da Primeira Guerra Mundial é geralmente chamado, na Inglaterra, de era eduardiana, apesar do rei ter morrido em 1910. Na França, com uma pequena extensão reatroativa à década de 1890, chamou-se la belle époque. Nos dois países a atmosfera era muito semelhante. Foi uma época de grandes ostentações e extravagância. Na Inglaterra, a sociedade e a corte, que, é claro, sempre se contrapuseram, agora começavam a se coincidir, e o próprio rei estabelecia o exemplo.
A moda, como sempre, era um reflexo da época. Preferia-se a mulher madura, fria e dominadora, com o busto pesado, cujo efeito era mais enfatizado pelos chamados espartilhos “saudáveis”, que tornava o corpo rigidamente ereto para frente, levantando o busto e jogando os quadris para traz. A cintura nunca tinha sido tão afunilada. O ideal de beleza da mulher era o de ter aproximadamente 40 centímetros de circunferência na cintura. Para atingir estas proporções, algumas delas se submetiam às cirurgias para serrarem suas costelas e poderem se apertar demasiadamente em seus espartilhos.
Isso produzia uma postura peculiar em forma de S tão característica da época. A saia, lisa e sobre os quadris, se abria em direção ao chão em forma de sino. Cascatas de renda desciam do decote; de fato havia uma paixão por renda em todas as partes do vestido. Quem não podia comprar renda verdadeira, ocorria ao crochê irlandês. Os cabelos eram presos no alto da cabeça, e o chapéu panqueca se projetava para frente como que para equilibrar a cauda. À noite, os vestidos tinham decotes extravagantes, mas durante o dia o corpo ficava escondido das orelhas aos pés. A pequena gola de renda era armada com barbatanas, e os braços sempre permaneciam completamente cobertos por luvas compridas. Havia uma loucura por plumas, e nos chapéus eram sempre retomadas sozinhas ou aos pares.
Para os homens, o traje aceito para todas as ocasiões formais ainda era a sobrecasaca e a cartola, mas o terno usado com um chapéu homburg era cada vez mais visto. As calças tendiam a ser bastante estreitas e curtas, e os jovens estavam começando a usá-las com as bainhas permanentemente viradas e com um vinco na frente, o que só foi possível a partir de meados da década de 1890 com a invenção da prensa para calças. Os colarinhos engomados de linho branco eram muito altos e às vezes retos em torno do pescoço.
O estilista francês Paul Poiret (1879-1944), um grande nome da moda com idéias muito inovadoras, já havia tido a idéia de tirar do corpo feminino o espartilho, liberando-o dos acentuados apertos de cintura. Porém esse hábito, ou melhor, essa moda só tornou-se de fato assimilada durante a Primeira Guerra Mundial.
Já partir de 1910, surgiram mudanças drásticas na indumentária feminina; as saias na altura das canelas, o decote “V”, – tudo isso em cores fortes – e o aparecimento da calça-saia (para andar de bicicleta) faziam agora parte dos armários. Os adornos preferidos agora não eram mais as rendas, e sim os botões, que eram pregados por toda a roupa, até nos lugares menos esperados. Os chapéus também já não eram excessivamente amplos, e sim pequenos e bem ajustados à cabeça, com as plumas eretas.
Estes chapéus continuaram sendo usados durante a guerra, mas as sais estreitas – que teriam tomado o lugar das com forma de sino – se tornaram um estorvo. A ausência da figura masculina no campo de trabalho, uma vez estando no campo de batalha, fez com que as mulheres tomassem conta do mercado, atuando em diversos setores, fossem de quaisquer classes sociais. Elas ocuparam espaços masculinos da área de saúde aos transportes e da agricultura à indústria, inclusive bélica. Foi o primeiro passo da emancipação feminina, uma necessidade durante a guerra e, depois dela, um hábito.
Com a necessidade de trabalhar, as mulheres tiveram de se libertar dos vestidos compridos e dos chapéus adornados, sendo obrigadas então, a utilizar coisas práticas e que permitissem maior liberdade de movimento. A ostentação, o luxo e a extravagância foram abandonados não só por questões econômicas, como também morais, uma vez que as mulheres não se sentiam bem em usar roupas elaboradas num momento de contenção.
A Primeira Guerra Mundial, de fato, teve o efeito de abafar a moda, e há poucas coisas de interesse para se registrar até o final do conflito. Nesse período surge um nome da moda, que inicialmente trabalhava com chapéus, mas que começou cada vez mais a sobressair-se no campo do vestuário. Foi Gabrielle Coco Chanel que, em 1916, inovou consideravelmente ao fazer tailleurs de jérsei, isto é, de malha e com aspecto sedoso, toque macio e estrutura elástica. Com o passar das décadas, Chanel consolidou-se no setor e tornou-se o nome mais importante de toda a moda do século XX.
Com o término da guerra, a mulher não abandonou o trabalho, e de fato, conseguiu sua emancipação com a independência financeira. As roupas foram se adaptando aos novos padrões, fossem eles para o trabalho, esporte e, principalmente, divertimento. As saias continuaram a se encurtar e o estilo andrógino começou a se fazer presente. As mulheres buscavam semelhanças com a aparência masculina, com cortes bem curtos, vestidos de cintura mais baixa, deslocada visando disfarçar os quadris, comprimentos à altura dos joelhos, revelando, pela primeira vez na história ocidental, as pernas femininas em público.
Conforme a década ia passando, a maquiagem foi ficando cada vez mais acentuada. Fazia parte da performance fashion se maquiar em público. Nada de se esconder nos banheiros para passar batom ou pó. Batom na cor vermelho sangue e pó compacto eram usados generosamente, já o blush dava apenas um toque leve nas faces e não era parte do arsenal básico de beleza. Os porta-batons e porta-pós eram trabalhados e bastante sofisticados, assim como as cigarreiras, umas verdadeiras obras de arte.
A moda masculina permaneceu praticamente a mesma nesse momento, tornando-se cada vez mais simples e prática, tendo até mesmo o aspecto de uniformização, uma vez que todos se vestiam com a mesma característica: calça comprida, paletó, colete e gravata.
No vestuário feminino, todas as curvas foram completamente abandonadas, o que acentuava a busca pela aparência de rapazes, ainda deixando os cabelos num corte curto e liso, que evidenciava as linhas da cabeça.
Como pode-se notar, a Primeira Guerra Mundial foi um dos marcos para a moda ocidental, uma vez que ela parou totalmente este ciclo, que viria a ser retomado depois do conflito totalmente diferente de como fora interrompido. Devido a questões lógicas, as roupas sofreram uma mudança radical ao passar por este período, se adaptando, como sempre, às tendências do desenvolvimento mundial. Foi também um fator decisivo para a emancipação feminina, fato que influenciou as vestimentas da época.

Alimentação dos Combatentes

Por Matheus Reis

A alimentação durante a primeira guerra mundial

A alimentação durante a primeira guerra mundial era precária para ambos os lados, principalmente durante a guerra de trincheiras aonde o deslocamento da comida era difícil e principalmente, a comida que havia acabava com uma certa rapidez, portanto, os soldados passavam muita fome. Estes soldados ficavam, muitas vezes, centenas de dias entrincheirados, lutando pela conquista de pequenos pedaços de território. Logo, a fome e as doenças também eram inimigas destes guerreiros.
Aí podemos citar um período ocorrido durante a primeira guerra mundial, que ilustra bem este ponto extremo da precariedade da alimentação.
Este período é o da fome na Alemanha (O "Inverno dos Nabos") decorrente do bloqueio naval inglês aos portos no norte da Alemanha.
Existe uma quadra sobre a guerra em que Nostradamus cita:
Bestes farouches de faim fleuves tranner
A tradução seria:
Bestas selvagens de fome pelos rios tracionarão
Com o bloqueio naval inglês iniciado em 1916, por meio de submarinos, aos portos do norte da Alemanha, a fome acabou por chegar à população. Os problemas da agricultura durante a guerra eram grandes, já que faltavam braços para a colheita da produção face à convocação dos jovens para o esforço de guerra. Da mesma forma, os alimentos precisavam ser enviados para o front. Em 1916, a produção de batata entrou em colapso e passou-se a usar o nabo em seu lugar, no inverno de 1916-1917. Esse inverno ficou conhecido como o "Inverno dos Nabos".
Entretanto, o uso do nabo na alimentação produziu uma reação adversa em muitos alemães, uma vez que destinava-se principalmente à alimentação dos animais de tração (cavalos, burros, bois) e também de porcos. Dessa forma, o nabo, alimento tradicionalmente destinado aos animais, passou a ser usado como substitutivo da batata na alimentação humana. Isto explica porque Nostradamus diz que "bestas selvagens de fome irão tracionar pelos rios": como o alimento destinado aos animais de tração passou a ser destinado ao homem, eram os animais que passavam também a viver a fome, agravada pelo pelo bloqueio naval e este foi um aspecto vivido em particular pelas populações civis.
Na parte alemã foi aonde a fome foi mais sentida. Ela, junto com outros fatores, passou a atuar como juiz decisivo para os soldados. Como já dissemos, nos anos em que a guerra seguiu, principalmente na guerra de trincheiras, milhões de homens iriam viver como feras atormentadas pela fome, frio e pelo terror dos bombardeios.
No final da guerra, em março de 1918, os alemães tentaram um último e desesperado esforço para romper a linha dos aliados antes que a presença das tropas americanas tornassem inviável a vitória. Mas a Alemanha já se encontrava exangue. Os quatro anos de guerra haviam-lhe retirado a flor da juventude masculina enquanto a população civil encontrava-se atormentada pela fome e inanição - resultado do bloqueio naval aliado.

A Medicina da Primeira Guerra

Por Vinicius Coelho

As transfusões de sangue e a guerra
Para cuidar dos ferido na Primeira Guerra Mundial foram precisas várias transfusões de sangue. Em 1900, o patologista austríaco Karl Landsteiner descobriu a existência dos tipos sanguíneos que nem sempre são compatíveis entre si. Não é de admirar que tantas transfusões no passado tenham acabado em tragédia. Agora seria possível mudar isso: bastaria verificar se o tipo sanguíneo do doador era compatível com o do receptor. Com essa descoberta, os médicos voltaram a confiar nas transfusões, bem em tempo para usá-las durante a Primeira Guerra Mundial.
Durante a Primeira Guerra Mundial aplicaram-se muitas transfusões de sangue em soldados feridos. Naturalmente, o sangue coagula rápido e antes era quase impossível transportá-lo para o campo de batalha. Mas no início do século 20, o Dr. Richard Lewisohn, do Hospital Monte Sinai em Nova York, fez experiências bem-sucedidas com um anticoagulante chamado citrato de sódio. Para alguns médicos, esse avanço empolgante foi um verdadeiro milagre. “Foi quase como se alguém tivesse feito o sol ficar parado”, escreveu o Dr. Bertram M. Bernheim, um médico famoso na sua época.
No começo da Primeira Guerra Mundial, o comitê da Cruz Vermelha abriu a Agência internacional de Prisioneiros de Guerra em Genebra, com um quadro de cerca de 1200 pessoas, a maior parte delas voluntários. Delegações do comitê visitaram os campos de internamento e recursos foram obtidos para a evacuação de civis de áreas ocupadas no norte da França, e a repatriação, ou acomodação em países neutros de doentes, combatentes feridos e pessoal médico. O trabalho na frente oriental foi delegado à Cruz Vermelha dinamarquesa, que montou um grande escritório de informações para este propósito em Compenhagem.
A Guerra levaria a uma vasta expansão das atividades da Cruz Vermelha. A Cruz Vermelha norte-americana supriu serviços de ambulância para os feridos, deu pessoal e equipou hospitais centrais, manteve casas de repouso para os soldados convalescentes e montou cantinas para as tropas em trânsito. A Cruz Vermelha Britânica, em colaboração com a Ordem de São João de Jerusalém e outras sociedades dos domínios, forneceu enfermeiras treinadas, destacamentos de ajuda de voluntários, ambulâncias e hospitais em todos os locais onde houvessem forças britânicas engajadas em combate. A Cruz Vermelha Britânica organizou comboios de ambulâncias motorizadas para a evacuação de feridos, somando-se aos trens ambulâncias e, na Mesopotâmia, lanchas ambulância.
A música era usada em hospitais e clínicas, geralmente como entretenimento. Durante a Primeira Guerra Mundial, músicos profissionais foram contratados para distrair os doentes.

Descobertas científicas para salvar feridos de guerra
Durante as guerras, o inimigo não é apenas o país contrário. Muitas doenças acabam provocando mais baixas entre os soldados do que o combate direto, como ocorreu na Primeira Grande Guerra. Para salvar os combatentes foram feitas várias pesquisas em busca de tratamento para os doentes. Alguns exemplos de substâncias implantadas na Primeira Guerra são:

Penicilina
Durante a 1ª Guerra Mundial, Alexander Fleming (1881-1955) começou a experimentar substâncias antibacterianas e, em 1921, descobriu uma enzima antibiótica que atacava vários tipos de bactérias. Contudo, Fleming não pôde produzir quantidade suficiente de penicilina para uso e sua descoberta ficou mais conhecida como curiosidade científica.

Morfina
Depois do invento da agulha hipodérmica, durante a 1ª Guerra Civil americana (1861-1865), as injeções de morfina passaram a ser indispensáveis para a realização de intervenções cirúrgicas. Durante a 1ª Guerra Mundial, a empresa farmacêutica Squibb desenvolveu um método que permitia a aplicação de doses controladas da droga aos soldados feridos para diminuir a dor.
A Squibb produziu o chamado Syrette, que era como um tubo de pasta de dente em miniatura que continha a morfina. O Syrette tinha uma agulha acoplada ao tubo que era utilizada para perfurá-lo e evitar a superdosagem. Um pequena dosagem combinada com o esgotamento físico era o suficiente para deixar inconsciente o ferido. Esta substância pode ser ministrada de várias formas, podendo ser via oral, intramuscular, subcutânea, intravenosa, epidural, intranasal ou transdérmica, sendo que estas três ultimas, são as menos utilizadas.
Os efeitos da morfina duram de 4 a 6 horas dentre os quais podemos citar:
- Alívio da dor e da ansiedade;
- Diminuição do sentimento de desconfiança- Euforia;
- Tranqüilidade, sensação de bem-estar;
- Letargia, sonolência, depressão;
- Impotência;
- Incapacidade de concentração;
- Obstipação (prisão de ventre)
- Paralisia do estômago (sensação de saciedade)
- Amenorréia (ausência de menstruação)
-Contração da pupila;
O uso da morfina também pode levar o usuário ao coma, com perda de consciência, fraca oxigenação no sangue, queda da pressão arterial, que se não for socorrido rapidamente pode levar a morte.

A Fome

No fim da 1ª Guerra Mundial, quando soldados de muitos países da Europa estavam nas trincheiras, despontou um novo inimigo: a fome. Parte do exército alemão teve que se alimentar quase que exclusivamente de batatas cruas desenterradas nos campos. Observou-se que soldados que sofriam dos mais diversos problemas do estômago ficaram totalmente curados. As dores desapareceram e, apesar da fome, esses soldados se sentiam bem. Médicos que analisaram esse fenômeno comprovaram o efeito extremamente positivo do suco de batata crua em diversos problemas do estômago, provocados por excesso de acidez. Quase 90% dos pacientes melhoravam a partir do 2º dia de tratamento e, após oito ou dez dias, não apresentavam mais qualquer queixa. Pelas propriedades farmacológicas, supõe-se que a solanina da batata (alcalóide venenoso próprio de diversas solanáceas) age como inibidor da secreção. Além disso, seu alto teor de amido, elementos viscosos e sais, protegem a mucosa do estômago. A vitamina C presente na batata crua é importante no tratamento porque inibe as infecções

As Armas da Primeira Guerra

Por Vinicius Coelho


A Grande Guerra foi um conflito entre as potências industriais pela hegemonia na Europa e no mundo. Durante a Paz Armada, as potências européias investiram maciçamente na produção de armas cada vez mais destrutivas. Além disso, mantinham exércitos em estado de prontidão. O custo de manutenção dos exércitos era muito alto: em algum momento, teriam de justificar a sua existência. O grande desenvolvimento técnico e industrial alcançado pelas potências européias durante a Paz Armada resultou na criação de armas de guerra extremamente poderosas. Os exércitos terrestres utilizaram a artilharia pesada, armas de repetição e metralhadoras. Durante a guerra, surgiram armas novas e ainda mais terríveis: os lança-chamas, os gases tóxicos e o tanque. No mar, as esquadras utilizaram enormes navios encouraçados que carregavam peças de artilharia pesada. Os submarinos, armados de torpedos e minas explosivas, ameaçaram a navegação comercial inimiga.
No início, a aviação foi usada apenas para vigiar os movimentos do inimigo. No transcorrer do conflito, os aviões foram armados com bombas e metralhadores, convertendo-se em armas.
As fábricas se dedicaram quase que exclusivamente à produção de armas e equipamentos militares. As vias de comunicação - estradas e ferrovias - serviam prioritariamente aos exércitos locais ou inimigos. Em alguns lugares, foi adotado o trabalho obrigatório nas indústrias de material bélico.

Os Gases
Em relação às armas químicas, na Primeira Guerra, os exércitos alemão, francês e britânico utilizaram gases venenosos para aniquilar os soldados do exército inimigo. Foram utilizados gás de cloro, gás de mostarda e gás de sangue a partir de 1916. Isso foi permitido pelo poder da indústria química do séc. XIX. O cientista alemão Fritz Harber, ganhador do Prêmio Nobel de Química por suas pesquisas sobre a síntese da amônia, propôs, em 1915, o uso de gás cloro contra os inimigos. Sua idéia foi posta em prática na Batalha de Ypres, na Bélgica. Ainda na Primeira Guerra Mundial, o gás mostarda foi usado pelos alemães contra os inimigos e os ingleses e franceses utilizaram gases do sangue. Estima-se que nessa guerra houve mais de 100 mil mortos de armas químicas.
Uma primeira experiência com o gás foi feita em 3 de janeiro de 1915. Os alemães lançaram gás de cloro em cartuchos sobre as trincheiras inimigas, mas as baixas temperaturas inibiram o efeito da substância. Porém, em abril do mesmo ano, o exército alemão usou o gás novamente. Nessa ocasião, uma densa névoa verde-cinza, típica do gás de cloro, que foi expelido de 520 cilindros, começou a soprar em direção às linhas de um regimento franco-argelino que sustentava a posição. Os soldados fugiram, tentaram se esconder ou se proteger com máscaras improvisadas. Alguns conseguiram, outros não. Psicologicamente, o ataque deu grande resultado, pois os soldados abandonaram suas posições deixando armas e mochilas no local.
Ainda em 1915, em setembro, os ingleses deram a sua resposta a esse ataque, jogando sobre os alemães entrincheirados, uma substantiva quantidade de gás de cloro. Se nos primórdios desse tipo de recorrência ao gás mortífero era costume utilizar grandes cilindros para despejar veneno ao sabor da direção em que o vento soprava, em seguida avançou-se para o uso de um cartucho próprio, capaz de lançar cápsulas de gás venenoso a enorme distância.
Foi a partir do ano de 1916, especialmente durante a longa batalha de Verdun, travada entre alemães e franceses, que o gás entrou em cena de vez. E desta vez estreou-se um novo gás, muito mais tenebroso em seus efeitos do que o cloro - o chamado gás de mostarda (dichlorethylsulphide). De cor amarelada forte, ele mostrou-se capaz de devastar as linhas adversárias mesmo em meio às tropas equipadas com máscaras anti-gases. Em contato direto com qualquer parte da pele da vítima, de imediato, ele levantava bolhas amareladas, atacando em seguida os olhos e as vias respiratórias. Além disso, tinha a capacidade de permanecer fazendo efeito durante um tempo bem superior do que os outros, como o gás lacrimogêneo (lachrymator), não-mortal, e o de cloro, seja o fosfogênico ou o difosgênico.


Carros de Combate

A batalha na região de Flers, no norte da França, foi um dos episódios mais sangrentos da Primeira Guerra Mundial, que deixou o saldo de mais de um milhão de soldados mortos. A entrada da chamada "indústria de guerra" no conflito é refletida principalmente na presença dos tanques na frente de batalha. Foi neste local que ingleses e franceses usaram o pesado veículo como arma tática de apoio à infantaria, na luta contra os alemães. Tendo já visto a utilização de carros armados da Rolls Royce em 1914, e tendo conhecimento do esquema para criar um veículo de combate de lagartas, Winston Churchill patrocinou a Landships Committee para supervisionar o desenvolvimento desta nova arma. O primeiro protótipo de um tanque criado com sucesso, com a alcunha de "Little Willie", foi testado a 6 de Setembro de 1915. Embora inicialmente chamados de "landships" (Português: barcos de desembarque) pelo Almirante, eram geralmente referidos como "water-carriers" (Português: carros de água), e mais tarde referidos oficialmente como "tanques" para manter em segredo o projeto. A palavra "tanque" foi utilizada para dar a sensação aos trabalhadores, que estes estariam a trabalhar na construção de contentores de água com lagartas para o exército Britânico em Mesopotâmia.
O primeiro carro de combate a entrar em serviço foi um
Mark I, levado para combate pelo Capitão H. W. Mortimore da Marinha Real Britânica para Delville Wood durante a batalha de Somme a 15 de Setembro de 1916. A França mais tarde desenvolveu o Schneider CA1 a partir de tractores Holt, sendo utilizadores pela primeira vez a 16 de Abril de 1917. A primeira utilização maciça de carros de combate em combate ocorreu a 20 de Novembro de 1917, na batalha de Cambrai.
A guerra terminou antes que o uso de carros de combate pudesse ter um impacto significativo - apenas alguns veículos foram efetivamente postos em campo. No entanto, o resultado do uso de carros de combate na
Batalha de Amiens, perto do final da guerra, veio demonstrar que o combate de trincheiras estava obsoleto.

Aviões
As forças armadas começaram a usar aviões em combate durante a 1º Guerra Mundial. Os aviões usados principalmente para observação também começaram a ser equipados com metralhadoras. Os militares que prestam serviço na força aérea desempenham tarefas diferenciadas: a tripulação de uma aeronave é composta pelo menos, por um piloto, um navegador e um artilheiro para manobrar o armamento. Como mostra as figuras seguintes:



Navios
Os navios na 1º Guerra Mundial tiveram uma importância enorme, visto que permitiram um maior número de transporte de tropas, bem como permitiam um ataque mais poderoso e mais eficaz.
Já se sabe que os navios desta altura não eram feitos do mesmo material, e com a mesma qualidade dos de hoje em dia, mas mesmo assim eram bem fortes e bem construídos.
Vários navios participaram nesta longa guerra, estando alguns exemplos aqui descritos:

Mauritânia:


O Mauritânia, lançado à água em 1906, foi o primeiro navio de passageiros dotado com turbinas de vapor. Este navio com os seus quase 28 nós deteve durante 22 anos a flâmula azul, símbolo internacional concedido ao transatlântico mais veloz. Tal como o seu gémeo Lusitânia, media 240 metros de comprimento e 27 de largura, com uma arqueação bruta de 38000 toneladas. A potência das suas máquinas era de 70000 cavalos-vapor.

Couraçado:
Dispondo de artilharia pesada e grossas blindagens, os navios couraçados foram considerados os reis do mar na 1º Guerra Mundial.
O Couraçado nasceu da necessidade de encontrar uma proteção contra os novos canhões estriados aparecidos em meados do século XIX.
Com o progresso da siderurgia, os primeiros Couraçados dispuseram de blindagens de ferro de mais de 100 mm convertendo-os em autênticos fortes flutuantes. Em princípios do século XX o Couraçado era uma formidável máquina de guerra.

Dreadnought
O Dreadnought, lançado à água em 1906, acionado por turbinas a vapor, tornou antiquados os restantes Couraçados. A sua artilharia monocalibre proporcionava-lhe uma bordada muito superior e um alcance até então desconhecido.

Submarinos:
Depois dos navios, os militares passaram a poder contar com a ajuda de submarinos, que possibilitavam navegar debaixo de água sem o inimigo dar por nada. Ainda que não fossem muito eficazes, na altura eram uma ajuda preciosa.
A idéia de navegar debaixo de água é muito antiga, mas os problemas que apresentava só se superaram em finais do século XIX.
Na primeira Guerra Mundial o submarino era uma arma desenvolvida, mas só adquiriu a sua verdadeira importância na segunda Guerra Mundial.
Submersível Holland, de princípios do séc. XX. Este e o Lake foram os primeiros submarinos eficazes, já que incorporaram um motor de gasolina e conseguiram autonomias da ordem dos 2800 km. Por causa das explosões que produziam as emanações de gasolina, em 1909 adaptou-se o motor de gasóleo; este foi o sistema definitivo na propulsão dos submersíveis.




A Primeira Guerra Mundial

O Sistema de Alianças
As ambições imperialistas associadas ao nacionalismo exaltado fomentavam todo um clima internacional de tensões e agressividade. Sabia-se que a guerra entre as grandes potências poderia explodir a qualquer momento. Diante desse risco quase certo, as principais potências trataram de estimular a produção de armas e de fortalecer seus exércitos. Foi o período da Paz Armada. Característica desse período foi a elaboração de diversos tratados de aliança entre países, cada qual procurava adquirir mais força para enfrentar o país rival.
Ao final de muitas e complexas negociações bilaterais entre governos, podemos distinguir na Europa, por volta de 1907, dois grandes blocos distintos:

Tríplice Aliança - Reunia o Império Alemão, o Império Áustro-Húngaro e a Itália, desde 1882, com o objetivo de enfrentar o expansionismo francês na Europa. Iniciada a Guerra, a Itália declarou-se neutra e posteriormente apoiou a França, o Império Otomano aliou-se a Alemanha por suas rivalidades com a Rússia. A Bulgária, que tinha grandes interesses na Península Balcânica, também se alia à Alemanha. Tríplice Entente - Tem por base a Entente Cordiale, formada em 1904 pela Grã Bretanha e pela França para opor-se ao expansionismo alemão. Em 1907, com a adesão da Rússia, ela se transforma na Tríplice Entente. Durante a guerra, outras 24 nações incorporam-se à Entente, formando uma ampla coalizão chamada de Aliados.




A Guerra
Mergulhada num clima de tensões cada vez mais insuportáveis, a Europa vivia momentos em que qualquer atrito, mesmo incidental, seria suficiente para incendiar o estopim da guerra. De fato, esse atrito surgiu em função do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco. O crime foi praticado pelo estudante Gavrilo Princip, ligado ao grupo nacionalista sérvio "Unidade ou Morte", que era apoiado pelo governo da Sérvia. O assassinato provocou a reação militar da Áustria, e a partir daí diversos outros países envolveram-se no conflito, uma verdadeira reação em cadeia (devido à política de alianças).

1) PRIMEIRA FASE - GUERRA DE MOVIMENTOS: ou seja, durante os primeiros meses da guerra, até o início de 1915, a característica marcante foi o deslocamento constante das tropas, o que, em princípio, parece lógico para uma guerra. Os principais ataques foram realizados pela Alemanha que procurou neutralizar os russos na frente oriental enquanto avançou sobre a França no lado ocidental. O avanço sobre a França foi fulminante, a partir da tática definida no Plano Schliffen, ocupando primeiro a Bélgica, para penetrarem em território francês pelo norte. A invasão da Bélgica foi usado pela Inglaterra como pretexto para entrar na Guerra. Ao mesmo tempo, ingleses e franceses lançaram uma ofensiva na África, tomando territórios da Alemanha. Vale lembrar que a Itália, até então aliada da Alemanha e Áustria, declarou-se neutra e não participou da guerra nesta primeira fase.

2) SEGUNDA FASE - GUERRA DE TRINCHEIRAS: é reflexo de uma situação de equilíbrio de forças, fazendo com que os exércitos procurassem garantir suas posições, preparando novas conquistas. Esse foi um longo período, até 1917, caracterizado por grande desgaste: elevada mortalidade, grande destruição, elevados gastos financeiros. Na tentativa de conseguir vantagens, os países envolvidos na guerra procuraram desenvolver novos armamentos ( canhões de longo alcance, tanques, aviões, submarinos....) criando novas tecnologias eu pudessem ser aplicadas na guerra. Em 1915 os italianos entraram na Guerra junto aos aliados, com a promessa de que receberia parte das colônias alemãs. A situação da Itália na guerra deve ser destacada, para compreendermos posteriormente seus maiores problemas. Resistiu até 1917,quando teve seu território invadido pela Áustria, provocando grande destruição, principalmente no norte, área mais povoada e desenvolvida.O ano de 17 marca mudanças importantes, quando os alemães passaram a utilizar a guerra submarina. Os ataques a navios mercantes norte americanos foi usado como pretexto para o Ingresso dos EUA na Guerra. Muitos consideram que o ingresso norte americano foi fundamental para o fim do conflito, porém é importante lembrar que os EUA estiveram até então como observadores, não havia guerra na América e a industria do país crescia em ritmo muito acelerado. Nesse ano ainda a Rússia sai da guerra devido a ascensão dos bolcheviques ao poder. A decisão unilateral fez com que a Alemanha invadisse o território russo, no entanto, em março de 1918 os dois países assinaram o Tratado de Brest-Litovski selando o fim da guerra entre ambos.

3) TERCEIRA FASE (1917-1918): Desde o início da guerra, os Estados Unidos mantinham uma posição de "neutralidade" em face do conflito. Ou não intervinham diretamente com suas tropas na guerra. Em janeiro de 1917, os alemães declararam uma guerra submarina total, avisando que tropedariam todos os navios mercantes que transportassem mercadorias para seus inimigos na Europa. Pressionado pelos poderosos banqueiros estadunidenses, cujo capital investido na França e na Inglaterra achava-se ameaçado o Governo dos Estados Unidos declarou guerra à Alemanha e ao Império Austro-Húngaro em 6 de abril de 1917. A Rússia retirou-se da guerra, favorecendo a Alemanha na frente oriental. E pelo Tratado de Brest-Litovsk, estabeleceu a paz com a Alemanha. Esta procurou concentrar suas melhores tropas no ocidente, na esperança de compensar a entrada dos Estados Unidos. A Alemanha já não tinha condições para continuar a guerra. Surgiram as primeiras propostas de paz do presidente dos Estados Unidos, propondo, por exemplo, a redução dos armamentos, a liberdade de comércio mundial etc. Com a ajuda material dos Estados Unidos, ingleses e franceses passaram a deter um superioridade numérica brutal em armas e equipamentos sobre as forças inimigas. A partir de julho de 1918, ingleses franceses e americanos organizaram uma grande ofensiva contra seus oponentes. Sucessivamente, a Bulgária, a Turquia e o Império Austro-Húngaro depuseram armas e abandonaram a luta. A Alemanha ficou sozinha e sem condições de resistir ao bloqueio, liderado pelos Estados Unidos, que "privaram o exército alemão, não de armamentos, mas de lubrificantes, borracha, gasolina e sobretudo víveres". Dentro da Alemanha, agravava-se a situação política. Sentindo a iminência da derrota militar, as forças políticas de oposição provocaram a abdicação do imperador Guilherme II. Imediatamente, foi proclamada a República alemã, com sede a cidade de Weimar, liderada pelo partido social democrata. Em 11 de novembro de 1918, a Alemanha assinou uma convenção de paz em condições bastante desvantajosas, mas o exército alemão não se sentia militarmente derrotado. Terminada a guerra, os exércitos alemães ainda ocupavam os territórios inimigos, sem que nenhum inimigo tivesse penetrado em territórios alemães.

O Tratado de Versalhes e a Criação da Liga das Nações

No período de 1919 a 1929, realizou-se no palácio de Versalhes, na França, uma série de conferências com a participação de 27 estados nações vencedoras da Primeira Guerra Mundial. Lideradas pelos representantes dos Estados Unidos, da Inglaterra e da França, essas nações estabeleceram um conjunto de decisões, que impunham duras condições à Alemanha. Era o Tratado de Versalhes, que os alemães se viram obrigados a assinar, no dia 28 de junho de 1919. Do contrário, o território alemão poderia ser invadido.
Não demorou muito tempo para que todo esse conjunto de decisões humilhantes, impostas à Alemanha, provocasse a reação das forças políticas que no pós-guerra, se organizaram no país. Formou-se, assim, uma vontade nacional alemã, que reivindicava a revogação das duras imposições do Tratado de Versalhes. O nazismo soube explorar muito bem essa "vontade nacional alemã", gerando um clima ideológico para fomentar a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
Além do Tratado de Versalhes, foram assinados outros tratados entre os países participantes da Primeira Guerra Mundial. Através desses tratados, desmembrou-se o Império Austro-Húngaro, possibilitando o surgimento de novos países.
Em 28 de abril de 1919, a Conferência de Paz de Versalhes aprovou a criação da Liga das Nações (ou Sociedade das Nações), atendendo proposta do presidente dos Estados Unidos. Sediada em Genebra, na Suíça, a Liga das Nações deu início às suas atividades em janeiro de 1920, tendo como missão agir como mediadora no caso de conflitos internacionais, procurando, assim, preservar a paz mundial.

Uma Prévia da Primeira Guerra

Fases da 1ª Guerra Mundial
De acordo com os acontecimentos, a primeira guerra mundial pode ser considerada como três fases distintas:
Primeira Fase: (1914). Esse período caracterizou-se por movimentos rápidos envolvendo grandes exércitos. Certo de que venceria a guerra em pouco tempo, o exército alemão invadiu a Bélgica, e , depois de derrota-la, penetrou no território francês até as proximidades de Paris. Os franceses contra-atacaram e, na Primeira Batalha do Marne, em setembro de 1914, conseguiram deter o avanço alemão.
Segunda Fase: (1915-1916) Na frente ocidental, essa fase foi marcada pela guerra de trincheiras: os exércitos defendiam suas posições utilizando-se de uma extensa rede de trincheiras que eles próprios cavavam. Enquanto isso, na frente oriental, o exército alemão impunha sucessivas derrotas ao mal-treinado e muito mal-armado exército russo. Apesar disso, entretanto, não teve fôlego para conquistar a Rússia. Em 1915, a Itália, que até então se mantivera neutra, traiu a aliança que fizera com a Alemanha e entrou na guerra ao lado da Tríplice Entente. Ao mesmo tempo que foi se alastrando, o conflito tornou-se cada vez mais trágico. Novas armas, como o canhão de tiro rápido, o gás venenoso, o lança-chamas, o avião e o submarino, faziam um número crescente de vítimas.
Terceira fase: (1917-1918). Em 1917, primeiro ano dessa nova fase, ocorreram dois fatos decisivos para o desfecho da guerra: a entrada dos Estados Unidos no conflito e a saída da Rússia. Os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Inglaterra e da França. Esse apoio tem uma explicação simples: os americanos tinham feitos grandes investimentos nesses países e queriam assegurar o seu retorno. Outras nações também se envolveram na guerra. Turquia e Bulgária juntaram-se à Tríplice Aliança, enquanto Japão, Portugal, Romênia, Grécia, Brasil, Canadá e Argentina colocaram-se ao lado da Entente. A saída da Rússia da guerra está relacionada à revolução socialista ocorrida em seu território no final de 1917.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Carro_de_combate#Primeira_Guerra_Mundial
http://www.crlemberg.com/vosabia/historica_brasilguerra.htm
Em:
06.08.07
05.08.07
30.07.07